Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 213

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Infância e filosofia... -
Vilmar A. Pereira e Jaqueline C. Eichenberger
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pois, determinado historicamente pela modificação
nas formas de organização da sociedade (KRAMER,
2005, p. 18).
Procurando demonstrar como a infância foi concebida na
modernidade, cada pensador em seu tempo procurou estabelecer
a sua compreensão do que é melhor para as crianças, reforçando
a noção de que a infância é histórica e cultural, variando em cada
período e sociedade. Seguindo o raciocínio, ao apresentar os
pensadores desse período, a seguir, interessa-nos demonstrar que
Montaigne (1980) identificou, em seu tempo, uma noção de infância,
cuja educação não devia ter mais como norte o doutrinamento cego
da cultura livresca, mas o conhecimento e a prática da filosofia, que
permitirão ao educando infantil uma nova aprendizagem, livre dos
métodos herméticos do modelo científico.
Descartes (1987) desenvolve um projeto em que o elemento
racional é que indica o “caminho seguro” para a afirmação do sujeito
moderno. Daí a sua compreensão de que essa fase (infantil), em
que predominam os instintos e todas as necessidades do mundo
sensitivo, deveria ser “pulada”. Sugere como ideal uma racionalidade
desprovida dos sentidos, capaz de sustentar a nova identidade de
sujeito que se estava pressupondo.
Rousseau (1995), ao contrário, toma a infância como ponto
de partida, amplia seu sentido, preconiza a sua fundamentação sob
uma perspectiva positiva e a concebe como um estágio de bondade
natural. Mas, se essa bondade é natural e a infância é o berço dessa
virtude, por qual motivo deve-se educar a infância? Na verdade, o
autor aponta a educação como fonte de moralização da infância,
pois essa bondade natural não se encontrava moralizada (estágio
ainda desprovido de leis). Desse modo, desenvolve uma acepção de
infância que necessita de uma educação metafísica pretendendo a
formação de um sujeito moralmente correto (também metafísico),
que realizar-se-ia numa república ideal orientada pelo princípio da
vontade geral.
Na obra de Kant (2003), a necessidade de educar a infância é
uma condição necessária para a superação da menoridade e para a
garantia da autonomia através do regramento, do conhecimento e
prática do dever. Também aponta para que, educando as crianças,
venceremos as nossas condições puramente animalescas.
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