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I
nfância
e
F
ilosofia da
E
ducação
no
contexto
da modernidade
Vilmar Alves Pereira
1
Jacqueline Carrilho Eichenberger
2
R
esumo
Presenciamos, nos contextos atuais, de certo modo, a legitimação da
concepção de infância de corte moderno, se tomarmos por referência os
inúmeros manuais de filosofia e de educação que são produzidos. De um
modo geral, está intrínseca nesses manuais a ideia recorrente de infância
como sinônimo de pureza e inocência. A maioria dos autores, que aponta
para essa concepção metafísica de infância, desconsidera um conjunto
de amplas implicações “nas formas de vida” que dão sustentação à da
racionalidade moderna. O presente texto tem a pretensão de apresentar
como alguns filósofos modernos relacionaram-se com a temática
infância
aproximando-a da concepção de subjetividade. Também, o texto descreve
as possíveis decorrências nas concepções contemporâneas de infância
presenciadas em diferentes contextos educativos. Trata-se de uma síntese
de estudos realizados no processo de doutoramento que emergem agora
com uma compreensão mais alargada sobre a temática.
Palavras-chave: Infância. Subjetividade. Afeto.
P
rimeiros
A
rgumentos
Discutir a infância numa perspectiva da filosofia e da educação
pressupõe um exercício que, por um lado, está voltado ao resgate
de bases conceituais legitimadoras; por outro, num exercício de
desvencilhamento e abertura de uma concepção mais abrangente
de mundo, de educação e de infância. Ou seja, perceber de que
referências ela se constitui na modernidade e, igualmente, sugerir
uma leitura mais ampliada desses referenciais, a partir da limitação
de seus postulados.
Essa não é uma tarefa fácil, principalmente, pelos resquícios
que mantemos cotidianamente em nossa “cosmovisão pedagógica”.
Somente uma filosofia livre da busca de fundamentos únicos pode
1 Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail:
2 Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail: