Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 201

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A Filosofia da Educação e a maquinaria escolar... -
João Paulo Pooli
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.193-205
maio
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. 2014.
Disponível em <
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Não haverá mudanças efetivas enquanto a elite
intelectual do campo científico da educação e os
educadores profissionais não se derem conta de
algo muito simples: escola existe para formar sujeitos
preparados para sobreviver nesta sociedade e, para
isso, precisam da ciência, da cultura, da arte, precisam
saber coisas, saber resolver dilemas, ter autonomia e
responsabilidade, saber dos seus direitos e deveres,
construir sua dignidade humana, ter uma autoimagem
positiva, desenvolver capacidades cognitivas para se
apropriar criticamente dos benefícios da ciência e
da tecnologia em favor do seu trabalho, da sua vida
cotidiana, do seu crescimento pessoal. (LIBANEO,
s/d, p. 17)
Isso que o filósofo denomina como “muito simples” é, na
realidade, uma operação sócio-individual muito complexa, em
que intervém um conjunto muito grande de fatores (políticos,
econômicos, afetivos, emocionais etc.) que configuram a vida de
um sujeito, e que, na maioria das vezes, são indeterminados e
incontrolados. Pretender definir como o sujeito deverá se auto-
regular após ter transitado pela instituição escolar caracteriza-se
numa das maiores expressões da governamentalidade foucaultiana
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.
As ideias de autonomia, liberdade, emancipação entre outras atuam
como instituidoras de verdades assumidas pelos sujeitos como
categorias de autocontrole que interditam outras perspectivas de
construção individual.
Uma pequena amostragem, retirada de um levantamento
preliminar de alguns projetos político-pedagógicos, evidencia a
inércia e, ao mesmo tempo, a eficácia das políticas curriculares
modernas que estão expressas na missão que orientam esses
projetos em muitas escolas.:
5 Por essa palavra “governamentalidade”, entendo o conjunto constituído pelas instituições,
procedimentos, análises e reflexões, cálculos e táticas que permitem exercer essa forma
bem específica, bem complexa, de poder, que tem como alvo principal a população, como
forma mais importante de saber, a economia política, como instrumento técnico essencial,
os dispositivos de segurança. Em segundo lugar, por “governamentalidade”, entendo a
tendência, a linha de força que, em todo o Ocidente, não cessou de conduzir, e há muitíssimo
tempo, em direção à preeminência desse tipo de saber que se pode chamar de “governo”
sobre todos os outros: soberania disciplinar. Isto, por um lado, levou ao desenvolvimento
de toda uma série de aparelhos específicos de governo e, por outro, ao desenvolvimento
de toda uma série de saberes (FOUCAULT, 2003, p. 303).
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