Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 198

A Filosofia da Educação e a maquinaria escolar... -
João Paulo Pooli
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.193-205
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. 2014.
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Essa transposição automática de modos de pensar tem como
consequência uma desumanização das estruturas sociais o que
dificulta enormemente uma compreensão da vida social e individual
das pessoas.
Para o sociólogo, muitas palavras e conceitos, pelo seu
caráter mágico-mítico, contribuem para a perpetuação de modos
usuais de discurso, que impedem o desenvolvimento de um modo
mais autônomo de falar e pensar, libertando-nos desses discursos
reificados.
As correspondentes palavras, categorias e modos de
pensamento parecem tão evidentes, que é fácil imaginar que cada
ser humano os conheceu intuitivamente. […] Aparecem actualmente
às gerações posteriores como conceitos e modos de pensamento
“verdadeiros”, “racionais” ou “lógicos”. Passam em geral no teste
da observação constante e da acção e, por conseguinte, já não nos
interrogamos sobre o como e o porquê de uma tão perfeita adaptação
do pensamento humano (Idem, p.19).
Os
novos
conceitos propostos pela filosofia da educação para
servirem de orientação na organização das práticas pedagógicas são
insuficientes para provocar mudanças substantivas nessa estrutura
social. O discurso moderno e mesmo, em muitas circunstâncias, o
do campo pós-moderno, estão presos às suas próprias genealogias,
mesmo porque eles foram originários e tornado inteligíveis pelas
experiências da racionalidade moderna.
Assim, apresentam-se agora como conceitos gerais, que, de
certo modo, surgem como concepções a priori do modo como os
acontecimentos se interligam; todos os homens parecem possuí-los
como fazendo parte de um senso comum ou de uma razão inatos,
independentes da experiência. (p. 22)
É nesse sentido que afirmo a produtividade do discurso
da
nova
filosofia da educação, principalmente colaborando
para manter as práticas pedagógicas como estão. Ressalto, a
partir de Michel Foucault que essas práticas discursivas não são
caracterizadas pela homogeneidade, racionalidade, segurança,
inteligibilidade e consensualidade, mas comportam dissensos,
conflitos, ressignificações. É precisamente por esse motivo que
a produção acadêmica na educação é tão diversificada e ampla,
permitindo inclusive análises e propostas aparentemente conflitantes,
mas que na sua essência não provocam rompimento algum com os
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