Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 195

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A Filosofia da Educação e a maquinaria escolar... -
João Paulo Pooli
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.193-205
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. 2014.
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O compromisso de tentar pensar como a instituição escolar
pode atender às demandas da sociedade, as teorias que utiliza,
os procedimentos que implementa e seus fins fazem parte do
campo analítico da filosofia da educação. Essa concepção, está
relativamente explicitada por Dermeval Saviani (2007), um dos
filósofos da educação mais conceituados no Brasil, quando afirma
que a filosofia da educação deve ser encarada como uma
reflexão
(radical, rigorosa e de conjunto) sobre os problemas que a realidade
educacional apresenta.
Para ele, a filosofia deve refletir e criticar a
atividade educacional, sem fixar princípios e objetivos, embora ao
detalhar a tarefa da filosofia da educação fique implícito uma busca
de princípios e objetivos, mais ou menos fixos, ao entender que a
filosofia da educação deverá,
... oferecer aos educadores um método de reflexão
que lhes permita encarar os problemas educacionais,
penetrando na sua complexidade e encaminhando a
solução de questões tais como: o conflito entre “filosofia
de vida” e “ideologia” na atividade do educador; a
necessidade da opção ideológica e suas implicações; o
caráter parcial, fragmentário e superável das ideologias
e o conflito entre diferentes ideologias; a possibilidade,
legitimidade, valor e limites da educação; a relação
entre meios e fins na educação (como usar meios velhos
em função de objetivos novos?); a relação entre teoria
e prática (como a teoria pode dinamizar ou cristalizar
a prática educacional?); é possível redefinir objetivos
para a educação brasileira? Quais os condicionamentos
da atividade educacional? Em que medida é possível
superá-los e em que medida é preciso contar com
eles?
As atividades propostas para a filosofia da educação são a
reflexão e crítica sobre o
modus operandi
das escolas, entendendo
que essas análises possam ter alguma consequência para as práticas
pedagógicas, pois não seria sensato pensar em algum tipo de reflexão
crítica, que não encaminhasse para alguma modificação daquilo que
foi criticado. O que ocorre com a filosofia da educação iluminista,
mesmo quando se advoga o direito de criticar a falência dos processos
educativos, é que parte-se do princípio de que a reflexão e a crítica
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