A Filosofia da Educação e a maquinaria escolar... -
João Paulo Pooli
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de argumentos); terceiro, procure ainda manipular os conceitos de
tal forma que, de vez em quando, possam estar ligados a alguma
evidência empírica (não importa se periférica ou obscura) e às
experiências ocasionais de fácil compreensão. Isso dará ao leitor a
sensação de ter compreendido o que foi exposto, embora não deixe
de ser um verdadeiro mistério, pela forma sofisticada e elevada com
que esse pensamento idiossincrático é exposto.
En un determinado número de campos académicos,
constructos intelectuales, presentados como teorías, se gestan
em un lenguage perticularmente difícil, no por el hecho de que el
objeto de estudio lo exija, – de hecho su enseñanza podría verse
enormemente beneficiada com un lenguaje más simple y menos
esotérico –, sino em razón del prestigio académico ligado a teorías
difíciles de entender y que pueden excluir a los no-iniciados del
acceso a esos saberes. (ELIAS, 1984, p. 93)
As ciências da educação exigem investigações teóricas e
evidências empíricas muito concretas, e isso não pode ocorrer através
do mais puro dedutivismo, porque a sua legitimação depende, senão
de provas, pelo menos de uma consistente aplicabilidade que permita
avaliar de maneira representativa e convincente, que determinado
postulado produza efeitos como meio de orientação. Essa é uma das
condições para que se possa avaliar se uma teoria possui alguma
consistência, como procedimento de intervenção na realidade.
Sem assumir totalmente as análises do campo pós-moderno
ou pós-estruturalista que defendem o postulado de que estamos
vivendo em uma nova época histórica diferente da modernidade,
e mesmo tendo presente que estas teorizações têm inúmeras
variações políticas, estéticas, epistemológicas, econômicas e
culturais, considero que as ideias de uma razão onipotente e
onipresente formadoras de um sujeito universal são produto do
delírio iluminista.
Embora não desconsidere a importância da escolarização
moderna, pretender que através da transmissão de um suposto
conhecimento científico organizado por uma política curricular
seja possível formar seres humanos autônomos, soberanos,
democráticos, igualitários e livres, é obra da mais pura ficção.
Um dos trechos mais significativos de um autor vinculado à
filosofia da educação, no Brasil, mostra muito bem este fato, ao
afirmar que: