Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 209

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Infância e filosofia... -
Vilmar A. Pereira e Jaqueline C. Eichenberger
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. 2014.
Disponível em <
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meio do romantismo de Rousseau. Ela nos assegura que não serve
de nada querer encher as crianças de regras, normas, de conteúdos,
mas que a verdadeira educação consiste mais no preparo adequado
de suas almas para que nelas, por impulso próprio e natural, possa
crescer e desenvolver a inteligência da criança, no respeito do ritmo
e dos interesses próprios de cada uma em particular.
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Se a noção de infância é um elemento interno e
indispensável à construção da subjetividade moderna,
na versão iluminista ou na versão romântica, sua relação
com o entendimento contemporâneo da subjetividade
ganha outra dimensão. Nesse caso, nosso entendimento
a respeito das possibilidades da infância é dado pelas
respostas a respeito do que vem a ser a subjetividade.
Ideologia ou ficção? (GHIRALDELLI, 1997, p. 124).
Partindo da noção hegeliana de sujeito e seus legados para
a perspectiva habermasiana, podemos entender que os “novos
tempos” inserem no terreno da educação algumas mudanças com
fortes repercussões para a prática pedagógica. A tarefa que cabe
à educação nesse contexto não está dissociada da noção filosófica
de subjetividade. As finalidades que eram atribuídas à educação
visavam sempre à objetivação e à concretização dos ideais propostos
pelo sujeito pensante e criativo. Um “slogan” que exemplifica esse
anseio é: “Educar para a cidadania”. Ao educador são conferidos
o poder e a missão de proporcionar ao aluno esse salto de seu
estágio primário, como almejavam alguns autores, até inseri-lo na
sociedade.
A função assumida pelo sujeito nos referenciais da educação
moderna é de destaque. Ancorado num conceito de racionalidade
bastante pretensiosa, a subjetividade serve como indicador de
categorias pedagógicas que emergem no cenário. Nesse contexto, é
do sujeito o papel de, numa estrutura autorreflexiva, constituir sua
justificação. Conforme Hermann (1999, p. 219): “a racionalidade
que emerge, nos tempos modernos, relaciona-se com o princípio
da subjetividade, o que dá base para as categorias pedagógicas de
consciência, autonomia e liberdade”.
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