Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 203

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A Filosofia da Educação e a maquinaria escolar... -
João Paulo Pooli
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. 2014.
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de uma existência humanizada, isto é, de uma
autodeterminação guiada pela razão e orientada para:
A liberdade reciprocamente reconhecida; A justiça; A
tolerância crítica; A multiplicidade cultural; A redução
da opressão do poder e o desenvolvimento da paz; O
encontro com o outro e a vivência da experiência de
felicidade e satisfação (LIBANEO, s/d, p. 47).
É a esse jogo de palavras que estou me referindo ao longo dessa
investigação. A utilização de um conjunto de palavras/conceitos
criados, difundidos e incorporados como verdades universalmente
aceitas, mas que possuem grande correspondência com os resultados
efetivos das práticas pedagógicas, nos processos de escolarização
das crianças e jovens. As Ciências Pedagógicas em seu campo
discursivo devem estabelecer seus enunciados e conceitos, mas
tendo presente que:
Sempre é possível estabelecer a semântica e a sintaxe
de um discurso científico. Mas é necessário precaver-se
do que poderia ser chamado de
ilusão formalizadora:
ou seja, imaginar que essas leis de construção são ao
mesmo tempo e de pleno direito condições de existência;
que os conceitos e as proposições válidas não passam
da formalização de uma experiência selvagem, ou do
resultado de um trabalho sobre proposições e conceitos
já instaurados: que a ciência passa a existir a partir de
um certo grau de conscientização, e de uma certa forma
na construção e no encadeamento das proposições;
que basta, para descrever sua emergência no campo
dos discursos, situar o nível linguístico que a caracteriza.
(FOUCAULT, 2000, p. 115.)
Os delírios de onipotência da modernidade prescrevendo, via
educação, instrução e disciplinamento, o homem transcendente
pertencente ao futuro, podem ser compreendidos por uma
necessidade visceral de controle e disciplinamento. Em grande parte,
isso acontece através de um processo de controle, mas também, e
talvez fundamentalmente, mediante uma pretensa idealização de
que
a ciência se enraíza na plenitude de uma experiência concreta e
vivida
(Foucault, 2000, p. 116).
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