Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 210

Infância e filosofia... -
Vilmar A. Pereira e Jaqueline C. Eichenberger
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. 2014.
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Rousseau (1995) e Kant (2003), por exemplo, propõem uma
pedagogia que pretende firmar-se sobre essas categorias. Mesmo
assim, o papel de direcionar para onde a criança deve caminhar fica
sob a incumbência do educador. Toda essa aposta denota o esforço
e o investimento dos modernos na sua forma de organizar-se a partir
de novos princípios orientadores.
O que se pode tecer como uma primeira crítica é, no entanto, o
fato de que no anseio de auto-certificar-se, o sujeito cria categorias
pedagógicas que, em muitos casos, acabam distanciando-se das
condições existenciais das crianças e de seus modos práticos de vida.
É o que vai ocorrer com os modelos pedagógicos, que, ao definirem
conceitos para a prática, não atentam para a diferença entre o mundo
da criança e mundo do adulto, ou seja, são constituídas concepções
de infância que não se coadunam com os modos de ser criança.
É claro que a racionalidade vinculada e a serviço de uma
racionalidade cartesiana faz parte dos anseios de um contexto e de
um modelo social que acredita na possibilidade de indicar as novas
diretrizes para a formação de um novo sujeito social que sustente a
nova estrutura social e econômica. Criticando esse modelo, podemos
destacar que:
Ora, uma vez que a educação deve reproduzir a
inexorabilidade da realidade existente, não podem
suas instituições obedecer a uma lógica distinta
dessa realidade, o que nos permite compreender
que o estado busca moldar o ensino a partir de uma
lógica de mercado. Nesse contexto, são destinados
recursos e investimentos públicos em educação
predominantemente para as atividades que propõem
a formação técnico-científica indispensável para o
funcionamento das indústrias. A educação é entendida
enquanto maneira pela qual se aprendem os ofícios, ou
seja, uma espécie de instrumentalização preocupada
com a prevenção e com o controle, o que fez com
que o processo educacional estivesse voltado para a
reprodução da cultura instituída e para a formação de
mão-de-obra especializada (TREVISAN, 2000, p. 72).
Participando desses movimentos como novas categorias
necessárias para a justificação da subjetividade, a infância será
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