Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 96

Educação, filosofia... -
Belkis S. Bandeira e Neiva A. Oliveira
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. 2014.
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fruto de condições objetivas bastante diversas e que já eram bastante
problemáticas em seu tempo, uma vez que a fim de alguns poucos
usufruí-las, para a grande parte das populações o acesso a elas era
negado, em função da própria divisão histórica entre classes sociais;
não obstante, estes modelos formativos guardavam a possibilidade
de pensar além do modelo vigente e, neste sentido, servem como
negação às práticas semiformativas
4
hodiernas, entendidas como
uma falsa formação. Revisitamos a obra adorniana entendendo que,
mesmo lidando com uma realidade em muitos aspectos divergente
da qual Adorno se referia, sob outras roupagens, são os mesmos
problemas, uma vez que é o mesmo modelo de racionalidade que
permeia estas relações.
Se no século XX a tecnologia ascendia como potencial de
renovação, não somente dos modos de produção do capital, no
âmbito da economia, mas abrindo espaço para mudanças no campo
da própria cultura, com outras possibilidades de pensar a arte, o lazer
e as práticas formativas, o que se percebe hoje é que a própria noção
de experiência
5
foi alterada por este desenvolvimento tecnológico.
Para que se compreendamelhor a inserção deste desenvolvimento
tecnológico no cotidiano das pessoas, a palavra que, talvez, melhor
caracteriza estemomento é
Virtualidade
. Popularmente, virtual refere-se
a tudo aquilo que diz respeito às comunicações via internet; mas, numa
abordagem mais filosófica, o termo é sinônimo de potencial, ou seja,
significa o que existe como potência, mas não realmente (ABBAGNANO,
1982, p.965); o que tempossibilidade de realizar-se, mas não se realizou,
portanto, não existe. O que ocorre é que virtual, no âmbito das relações
no idealismo alemão. O termo alemão Bildung refere-se, ao mesmo tempo, a umprocesso de
formação cultural e à cultura. Aponta para uma formação, no sentido de desenvolvimento
de potencialidades humanas numa acepção ampla, em seus aspectos não somente cognitivos,
mas éticos e estéticos.
4 Categoria proposta por Theodor Adorno no ensaio “Teoria da Semiformação” (ADORNO,
2010), refere-se à forma parcial e fragmentada como a formação cultural é conduzida na
sociedade contemporânea. O conceito Halbbildung pode ser traduzido tanto por Semicultura
quanto por Semiformação, dependendo do contexto. Zuin, conforme nota explicativa,
aponta para uma sutil diferença no processo de danificação da produção simbólica
(semicultura), dos malefícios à dimensão subjetiva oriundos da conversão da formação em
semiformação. (ZUIN, 1999, p.55). Nesse texto, optamos por utilizar Semiformação, conforme
a tradução revista, publicada na coletânea organizada por Pucci, Zuim e Lastória (2010),
intitulada Teoria Crítica e Inconformismo: novas perspectivas de pesquisa.
5 Experiência (Erfahrung) tem aqui o significado descrito por Walter Benjamin, é entendida
como o conhecimento resultante do trabalho na concepção pré-capitalista e de suas formas
de transmissão, vai cedendo lugar à vivência (Erlebnis), de um homem sem vínculo com a
tradição e sem possibilidade de entender o que é forçado a viver.
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