Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 103

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Educação, filosofia... -
Belkis S. Bandeira e Neiva A. Oliveira
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.95-108
maio
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. 2014.
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deixando-se formar pelo procedimento mimético, recalcado pelo
conceito e que se constitui num espaço de resistência à falsa
identidade do conceito. Dessa forma, a tarefa filosófica tal como
propõe Adorno, salvaguarda esferas que sobrevivem na forma de
silêncios, como elementos de negatividade, excluídos do discurso
teórico, que supõe um discurso unicamente do que está dito. Um
pensamento assim permanece rebelde ao que chamamos de teoria,
trazendo um pressuposto estético, que revela-se, por força do
momento mimético apropriado pelo procedimento conceitual, na
forma de exposição.
Isso pode ajudar a explicar por que para a filosofia a sua
apresentação não é algo indiferente e extrínseco, mas imanente à
sua ideia. Seu momento expressivo, integral, mimético-aconceitual,
só é objetivado por meio da apresentação da linguagem. A liberdade
da filosofia não é outra coisa senão a capacidade de dar voz à sua
não-liberdade. (ADORNO, 2009, p.24)
Pensar a filosofia, nesta perspectiva, compreende pensar
modelos, figuras históricas, constelações, que não se estagnam
em instâncias ontológicas, mas desvelam a realidade em sua
multiplicidade, não no que há de idêntico, mas ao contrário, no que lhe
é divergente, diverso, não redutível ao conceitual. Há no pensamento,
portanto, uma tensão entre um momento mimético, de emersão
no material, naquilo que o constitui em sua diversidade histórica e
social; e o momento mediador do pensamento, que não o esgota,
mas abre-se a sempre novas possibilidade de conhecimento.
Não existe, sob este ponto de vista, um sentido oculto do mundo
que cabe à filosofia desvelar, pois o conhecimento ao invés de ser
dissolução da verdade do objeto na certeza do sujeito, que culminava
num saber absoluto, é uma experiência do objeto, um estar atento à
potencialidade do mundo para, no processo de interpretação, tecer
conexões que permitem percebê-lo em sua realidade. A verdade
é processo, ou seja, o movimento da realidade em direção ao seu
conceito, com o qual é permanentemente confrontada.
Pela prioridade do objeto, é possível reconhecer algo outro
do conceito que o interpela permanentemente, pela sua própria
realidade, sem deixar que se feche sobre si mesmo. A dialética, a
partir deste ponto de vista, é capaz de perceber, em cada conceito,
o que se perdeu do objeto, apontando para sua insuficiência, para
o que, necessariamente, permanece além dele. Uma filosofia
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