Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 98

Educação, filosofia... -
Belkis S. Bandeira e Neiva A. Oliveira
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.95-108
maio
/
ago
. 2014.
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A produção maciça de meios tecnológicos, de produtos
culturais, comunidades virtuais e outros produtos que inundam nosso
cotidiano, nada mais é que do que o desenvolvimento, em grande
escala, de um processo que na década de 40 do século passado
provocou tanta preocupação a Adorno e, assim, não é indício de
uma nova época, como querem alguns, mas a indústria cultural em
sua fase do século XXI. Como observa Christoph Türcke:
Se o símbolo da indústria cultural dos anos 30 era a mulher
mencionada por Adorno, que no abraço íntimo pensa mais em
conservar o penteado e a maquiagem do que no próprio abraço,
com vistas ao qual ela se penteou e se maquiou, o símbolo dos anos
90 é o
youngster
, para o qual a penetração do
body piercing
, que a
colocação de anéis nas pálpebras, nos lábios, no nariz, na língua ou
no umbigo tem emmente, para deixar a pessoa mais atraente, é mais
excitante do que a penetração sexual. (TÜRCKE, 1999, p.75)
Para esta indústria, o que está em jogo nos dias de hoje não
é mais como difundir modelos culturais para as massas, mas sim
de que maneira conseguir mobilizar seus sentidos, já tão moldados,
desde seu nascimento, pelos seus estímulos constantes. O que parece
ser um afrouxamento, no sentido da liberalização de costumes, é a
necessidade de uma estimulação mais intensa, com doses cada vez
maiores de violência e erotização contínua.
Assim, diante de uma complexa rede de estímulos, signos,
símbolos e saberes, constantemente em modificação, fruto da
tecnologia cada vez mais avançada, é produzida a necessidade de
consumir compulsivamente, seja produtos, drogas ou sensações, num
processo onde os sentidos são domesticados para absorver estímulos
sem que haja tempo para que deles se aproprie e os elabore na forma
de experiências, conduzindo a um pensamento estereotipado, em que
a subjetividade do indivíduo, sua tomada de consciência, de decisão
perdem-se em conteúdos já formatados de antemão.
Também sob o ponto de vista da formação, pensando sobre
a educação escolar atual, esta estereotipia está presente na
organização dos espaços e tempos escolares, seja na organização das
disciplinas e conteúdos, seja nos cada vez mais sofisticados recursos
tecnológicos, num incentivo ao aprimoramento da didática que se
destina a tornar o aprendizado mais rápido e fácil, retirando, contudo,
seu caráter formador e facilitando a educação em massa.
A linguagem utilizada converte-se num conjunto de clichês,
a partir dos quais tanto educadores como educandos são levados
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