Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 88

A microfísica dos... -
Kelin Valeirão e Avelino da Rosa Oliveira
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. 2014.
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capitalismo só poderia ser garantido à custa da inserção controlada
dos corpos no aparelho de produção e por meio de um ajustamento
dos fenômenos de população aos processos econômicos. Portanto,
além da vigilância individual,o sistema necessita um controle geral,
atentoao lugar que cada corpo individualocupano corpo social. Assim,
a disciplina, tomada como a arte de dispor indivíduos em fila, ou
como técnica de transformação de arranjos, “individualiza os corpos
por uma localização que não os implanta, mas os distribui e os faz
circular numa rede de relações.” (FOUCAULT, 1987, p.125).
No século XVIII, as ordenações por fileiras começam a dividir o
corpo discente de forma a organizar a escola em arranjos, surgindo
as filas para entrar na sala, sair da sala, filas no corredor, no pátio,
por séries, por idade etc. É este conjunto de alinhamentos, onde os
alunos ora ocupam uma fila, ora outra, que marca as hierarquias
do saber e do poder na instituição escola. Seguindo essa lógica, a
escola faz parte de uma rede produtiva que age sobre o corpo social,
não somente como poder repressivo, mas, principalmente, como
dispositivo de produção de subjetividades. Essa característica da
escola foi, recentemente, retratada em filme de Roger Waters, como
se vê na Figura 3. Essa lógica disciplinar, no entanto, ultrapassa o
contexto escolar e dissemina-sepor todo o corpo social, afetando o
processo de constituição do próprio sujeito.
A Modernidade instituiu, pois, uma nova prática, não mais
baseada na violência. A ação violenta exige uma guarda constante,
enquanto aquele que é persuadido passa a exercer a ação de
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