Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 160

Do conceito de formação humana... -
Lúcia Schneider Hardt
et al.
160
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. 22,
p
.155-174
maio
/
ago
. 2014.
Disponível em <
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exige o paciente trabalho de elucidação de premissas e valores que
regulam a escolha de meios e de fins, ambos voltados à promoção
do humano e dos seus possíveis. É sob essa perspectiva, a de refletir
sobre estratégias que contemplem a promoção do humano em toda
a variedade permitida por essa condição, que escolhemos investigar
alguns dos aspectos envolvidos na formação humana.
Primordial para a educação, o conceito de formação é, contudo,
por demais amplo e flu
i
do – a depender de contextos, autores,
aplicações e até mesmo de projeções imaginárias e poéticas relativas
ao humano e ao seu destino. O conceito é, desse modo, de difícil
aproximação porém, não impossível
.
Em que pese a relevância de algumas referências acumuladas
para a constituição de “quadros mentais” básicos acerca da ideia
de formação ao longo do tempo, não se encontram esgotadas as
possibilidades analíticas, interpretativas ou heurísticas do conceito
em exame. Até porque, a amplitude e a fluidez referidas não permitem
formulações completas. Esta natureza conceitual indócil, resistente
às tentativas de limitar o seu conteúdo, bem como as de paralisar
no tempo e no espaço suas aparições, coloca ao pesquisador uma
série de dificuldades. Contudo, não nos parece irrelevante o esforço
de identificar alguns aspectos, dentre tantos, que giram na órbita
do conceito de formação humana.
A polifonia antes indicada aparece no texto enquanto vozes que
entregam ao leitor diferentes abordagens do conceito de formação
para fazer pensar as tensões entre natureza e cultura. Assim, os
autores/intérpretes das perspectivas com múltiplas possibilidades
recairão sobre as forças formativas que estão “dentro” e “fora”
dos sujeitos ou indivíduos resultantes dessas mesmas forças,
considerando-se aqui, dimensões estendidas daquilo que chamamos
ou entendemos por humano e por cultura. Trata-se de observar,
através de pesquisa teórica, a interação entre polos simultaneamente
opostos e complementares e do como pode ser produtiva a tensão
entre ambos na direção de formulações formativas ou educativas
que tenham por finalidade a promoção desse mesmo humano e
dessa mesma cultura.
A discussão em torno das tensas relações entre
natureza
e
cultura
propõe um problema filosófico-educacional da maior relevância: o
de estabelecer um equilíbrio possível, por uma sofisticada dialética,
entre o “ponto de dentro” e o “ponto de fora”, ponderando ainda
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