Do conceito de formação humana... -
Lúcia Schneider Hardt
et al.
156
C
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de
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esquisa
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. 9,
n
. 22,
p
.155-174
maio
/
ago
. 2014.
Disponível em <
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realizando investigações que contribuem para a construção de um
entendimento melhor do que seja o conceito de formação humana,
como também, para a demarcação epistêmica e o desenvolvimento
da área de estudos filosófico-educacionais. Nossa aposta é que
a consecução de tal proposta de investigação acadêmica traga
benefícios significativos em termos de construção de entendimento
conceitual que poderão inspirar as novas pesquisas experimentais
e qualitativas na área de processos de aprendizagem que são de
grande importância para o campo da educação.
A partir desta apresentação primeira, cabe dizer que este texto
é polifônico, refletindo três dimensões de pesquisas em filosofia
da educação, desenvolvidas na graduação e pós-graduação em
Educação, da Universidade Federal de Santa Catarina, a saber:
estudos voltados para a perspectiva de Rousseau e de Nietzsche na
educação, permeados por uma terceira dimensão de pesquisa que são
os estudos de hermenêuticas da cultura e educação. Nosso diagnóstico
identifica a possibilidade de, ainda, falar de uma necessária busca
pela compreensão das diversas nuances que envolvem o conceito de
formação humana – nuclear para o fazer pedagógico – assim como
certa falta de estudos de natureza teórico-filosófica, nos quais se
preservaria a diversidade de perspectivas concernentes ao tema em
foco. Podemos dizer, pois, que o agir pedagógico está imbuído da
pergunta pelo sentido da formação; traduzi-la é o seu trabalho. A
falta refere-se não a uma ideia de que, em algummomento, o campo
completar-se-ia, mas, justamente porque é incompleto, logo, rico e
a oferecer múltiplas possibilidades e devires de pesquisas.
No que concerne ao modo como desenvolvemos tais estudos e
pesquisas no horizonte da filosofia da educação – e considerando o
elemento central comum, a saber, o tema da formação humana em
suas tensões entre natureza e cultura, destacamos a contribuição
da hermenêutica filosófica e sua tarefa de interpretação. De modo
amplo, em nossas práticas na filosofia da educação, seja na pós-
graduação seja na graduação, põe-se em curso o reconhecimento
do lugar do intérprete como lugar de autoformação (GADAMER,
2000) ou, como quer Nietzsche, de autossuperação. Apesar das
especificidades das perspectivas filosóficas, nas quais não nos
deteremos de modo mais aprofundado aqui, propomos a ideia de
que em ambos, assim como em Rousseau, mantém-se o projeto de
uma formação para a autonomia do aluno.