Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 148

Ética e estética: confrontos.. -
Robson Loureiro
et al.
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. 2014.
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que se organiza em torno do capital, havia em sua poesia o relance
revolucionário de quem não se presta a endossar o mundo como ele
se encontra. Esse relance crítico progressivamente se perde com
a defesa do saber pós-moderno. Afinal, Lyotard também salienta
que, até mesmo o ócio dos passantes, que outrora fora visto como
protesto por Benjamin, seria passível de ser integrado ao sistema e
torná-lo lucrativo. Além disso, seu entusiasmo pela sensibilidade e
desejos transitórios, assim como a quebra de vínculo entre a narrativa
e a realidade histórica são motivos de festejos para aquilo que foi
considerado por Benjamin como o empobrecimento da experiência.
Portanto, a completa concordância diante do mundo dado.
C
onsiderações
finais
Este artigo teve como objeto de análise a relação entre ética
e estética na obra do filósofo francês Jean-François Lyotard, tendo
em vista sua importância e pioneirismo dentro do pensamento
pós-moderno. Contudo, em consonância com Wood (1999), o pós-
moderno representa uma “agenda”, composta por uma vasta gama
de tendências intelectuais e políticas que surgiram após a segunda
metade do século XX e que têm como eixo comum a impossibilidade
de o conhecimento dizer algo sobre a realidade objetiva, tendo em
vista que ele seria apenas um produto do sistema de crenças de
uma comunidade. Ao compreender a atmosfera intelectual e política
como uma agenda, os aspectos problematizados na obra de Lyotard
podem ser também estendidos, mesmo que dentro de alguns limites,
a outros discursos teóricos que compõem essa tradição.
Ao não identificar o período atual como moderno, Lyotard
parece querer se desvencilhar não da descrição da modernidade,
mas antes das preocupações típicas desse período histórico. O
pós-moderno de Lyotard só é efetivamente “pós” em sua tentativa
– nem sempre confessada – de abandonar a filosofia moderna.
Nesse sentido, na visão de Lyotard, são as “ideias” modernas os
males sociais, posto que seriam elas as causas da extinção da
pluralidade.
Aonegligenciar o cunhoopressor daprópria contemporaneidade,
Lyotard descreve a pós-modernidade como o momento em que
a estética se generaliza e os indivíduos se tornam sensíveis às
múltiplas moralidades existentes. O caráter autolegitimante que
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