Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 139

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Ética e estética: confrontos.. -
Robson Loureiro
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.131-154
maio
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ago
. 2014.
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comum a toda arte. Da mesma forma, pode tornar-se síntese da arte
contemporânea em geral porque, dentre outros fatores, lida com o
mesmo público obscuro com que lidam as demais artes.
A arte gráfica resume, na acepção lyotardiana, os nossos
tempos, ainda que ela seja, desde o princípio, idealizada tendo
em vista a coerção do mercado. Desse modo, faz apologia de
uma arte que, por se pautar pela lógica do mercado, busca incutir
desejos frequentes nos transeuntes para que comprem produtos
anunciados em seu trajeto pelas ruas. Ao afirmá-la como síntese da
arte contemporânea, ele declara que ao artista em geral também
está designada a tarefa de intrigar esse público sem tradição. Ou
seja, a concepção da sensibilidade do indivíduo, para Lyotard, está
intimamente associada à ideia de consumidor e revela porque se torna
necessário para ele descrever de maneira entusiástica a sensibilidade
atual como transitória.
Sendo sua própria individualidade fragmentada por desejos
temporários, o indivíduo é efetivamente incapaz de transpor seus
próprios interesses como mônada. Não lhe é possível engajar-se em
uma causa comum a uma humanidade. Mesmo que Lyotard não
criticasse a utopia como etnocêntrica, sua concepção de sujeito
já levaria à impossibilidade de estabelecer qualquer utopia. Nesse
sentido, Terry Eagleton esclarece que os pós-modernos louvam
... o ser humano difuso, descentrado, esquizóide:
um sujeito que talvez não estivesse suficientemente
“completo” para derrubar uma pilha de latas, quanto
mais o Estado – mas que poderia, ainda assim, ser
apresentado como uma assustadora vanguarda, em
contraste com os sujeitos confortavelmente centrados de
uma fase mais antiga, mais clássica do capitalismo. Ou
em outras palavras: o sujeito como produtor (coerente,
determinado, autogovernado) teria cedido lugar ao
sujeito como consumidor (instável, efêmero, constituído
de desejos insaciáveis) (EAGLETON, 1999, p. 27).
Por meio de um exaltado esteticismo, Lyotard busca legitimar
o sujeito que é chamado a todo o momento a investir sua libido
nas formas diversificadas e efêmeras da contemporaneidade. Por
isso, seus críticos argumentam que sua filosofia é marcada por um
“niilismo hedonista” (ANDERSON, 1999, p. 35).
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