Ética e estética: confrontos.. -
Robson Loureiro
et al.
134
C
adernos
de
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esquisa
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ensamento
E
ducacional
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,
v
. 9,
n
. 22,
p
.131-154
maio
/
ago
. 2014.
Disponível em <
>
pós-modernismo assim entendido não é o modernismo no seu fim,
mas no seu estado nascente, e esse estado é constante” (1993a,
p. 44).
Essa concepção ainda não estava elaborada dessa forma no
livro de 1979. Pode-se dizer que, em certa medida, ela implicou
uma alteração de sua definição anterior: de uma categoria histórica
relacionada ao estado da cultura que emergiu no final da década
de 1950 com o advento da sociedade pós-industrial, o pós-moderno
passa a ser um procedimento e uma força constitutiva do moderno
que o faz lembrar-se de seu
status
de ruptura com o tradicional e
com o passado. Neste caso, o termo
pós
não significa ummovimento
de ruptura nem de retorno, mas, segundo Lyotard (1993b), um
procedimento de análise que, ao recordar um esquecimento da
modernidade, quer evitar a repetição dos fracassos das neuroses
ocidentais.
Com isso em vista, Lyotard (1993a, 1993b) desenvolve dois
argumentos. O primeiro deles é uma continuidade de sua crítica à
metafísica da presença (para ele, presente no realismo, nas noções
de totalidade e sujeito) por meio da tarefa de desrealização que ele
atribui à arte. Intimamente vinculada a isso, Lyotard define o papel
da
avant-garde
como encarnação da força pós-moderna dentro do
próprio modernismo, ou seja, como a força que investiga as noções
implícitas da modernidade.
Lyotard justifica esses argumentos porque considera que
há um desejo expresso por vários intelectuais de pôr um fim à
experimentação e liquidar a herança do vanguardismo. Ele reconhece
que, nesse desejo, encontram-se os elementos que a pós-modernidade
se propõe a reexaminar: “Porém, nos diversos convites para suspender
a experimentação artística, existe uma idêntica/mesma chamada
pela ordem, um desejo de unidade, de identidade, de segurança ou
popularidade” (LYOTARD, 1993a, p. 40).
Para Lyotard (1993a), a modernidade não pode existir sem
descobrir a “ausência de realidade” da realidade. É nessa ausência
que a arte moderna encontra seu impulso e a lógica da
avant-garde
,
os seus axiomas. Para explicar isso, ele afirma que a própria noção
kantiana de conhecimento admite a existência de algumas ideias que
não possuem correspondente empírico, ou seja, são ideias que nada
representam. A partir daí, Lyotard denomina arte moderna aquela
que torna visível o fato de que existe algo que pode ser concebido,