Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 132

Ética e estética: confrontos.. -
Robson Loureiro
et al.
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.131-154
maio
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. 2014.
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O estudo, concebido para ter interesse epistemológico,
acabou por ter ainda mais recepção e discussão dentre aqueles que
já eram familiarizados com o termo, ou seja, os crítico s literários
e os analistas da cultura. Os próprios cientistas pouco disseram
sobre a obra de Lyotard (CONNOR, 1993).
Não obstante, foram inúmeros os efeitos da publicação
de
A Condição Pós-Moderna
e podem ser sentidos ainda hoje,
uma vez que se difundiram por um amplo espectro teórico, que
envolve principalmente as humanidades como um todo. Tamanha
popularidade tornou possível, inclusive, fazer um levantamento
de temas comuns a uma “agenda pós-moderna” (WOOD, 1999).
Associam-se a ela autores que, como Lyotard, são favoráveis à
fragmentação da realidade, à equiparação total entre valores e à
negação de qualquer possibilidade de conhecer a objetividade.
Embora haja trabalhos já clássicos, sobretudo de cunho
epistemológico ou ético que rejeitem a posição relativista
pós-moderna (cf. GINZBURG, 2002; NAGEL, 2001; SOKAL;
BRICMONT, 1999), é incomum vê-la ser criticada pelos estetas e
teóricos da arte – que, pelo contrário, muitas vezes se mostram
entusiastas das noções estéticas defendidas por Lyotard.
Os pesquisadores do Instituto para Pesquisa Social de
Frankfurt foram críticos de vários processos culturais que a
filosofia pós-moderna recebeu com satisfação. Sendo assim, da
contraposição entre as duas tradições filosóficas, pretendemos
atender à demanda de um tratamento filosófico para a
interpenetração entre o ético e o estético na configuração cultural
e social contemporânea.
A nosso ver, ao aprofundar estudos em teóricos da Escola
de Frankfurt, contribuímos para a análise crítica do exaltado
esteticismo pós-moderno, marcado pelo seu “niilismo hedonista”
(ANDERSON, 1999, p. 35), completamente afinado e conivente
com a sociedade de consumo.
Nosso objetivo geral é questionar a relação entre ética
e estética estabelecida pelo pensamento pós-moderno, isto é,
colocar em xeque o projeto de estender critérios estéticos para a
definição da realidade, a produção do conhecimento e o campo
da reflexão ética. Esse questionamento tem como base teórica a
Teoria Crítica da Sociedade, notadamente algumas reflexões de
Walter Benjamin, Herbert Marcuse e Theodor W. Adorno.
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