Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 138

Ética e estética: confrontos.. -
Robson Loureiro
et al.
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.131-154
maio
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ago
. 2014.
Disponível em <
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temporárias” (LYOTARD, 1996, p. 44). Nessa medida, a finalidade da
arte gráfica é a de intrigar, surpreender, fazer com que o transeunte
pare e admire o cartaz em meio a tantos estímulos existentes na
cidade:
Eles devem intrigar também porque lidam com os
transeuntes, olhos que passam, mentes saturadas de
informações, indiferentes, ameaçadas pelo tédio do novo,
que está em toda parte e é o mesmo, com pensamentos
indisponíveis, já ocupados, preocupados, principalmente
em se comunicar, e depressa. As artes gráficas têm de
despertá-los do sono reconfortante da comunicação
generalizada, frear sua má velocidade de vida, fazê-los
perder um pouco de tempo (LYOTARD, 1996, p. 43).
Chamamos atenção para o fato de a arte gráfica, desde seu
surgimento, estar associada à coerção do mercado, uma vez que
ela é encomendada com o objetivo de promover produtos. Sendo a
arte gráfica uma arte aplicada, ela objetiva igualmente convencer
os sujeitos a investirem sua libido nela. Observa Lyotard que a perda
de tempo em relação à arte gráfica torna-se, dessa forma, rentável,
sendo aproveitada pelo sistema. Afinal, um bom cartaz ou logomarca
vendem um produto.
Embora consciente da tendência dos jogos de linguagem à
estabilização/homeostasia e, portanto, à ausência de novidades,
Lyotard acredita que ainda é possível que elas existam no interior
de uma arte que é, dentre todas, a mais mercadológica. E essa
novidade se manifesta justamente na sua capacidade de chamar
atenção do transeunte.
Sendo assim, a relação entre transeunte e arte gráfica é
organizada de acordo com a necessidade de convencê-lo a investir
no produto por ela promovido. Destinada às multidões apressadas,
a arte gráfica busca interceptar os passantes para que prestem
atenção e considerem a compra. Lyotard (1996) considera haver
complementaridade entre o critério da performance e o critério da
invenção – uma vez que só as sociedades capitalistas seriam abertas
o suficiente para permitir a invenção –, mas ele não é, em nenhum
momento, crítico em relação ao aspecto mercadológico da arte
gráfica, seja no entendimento de sua criação ou de sua recepção.
Acredita que, em igual medida, a arte gráfica necessita da invenção
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