Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 144

Ética e estética: confrontos.. -
Robson Loureiro
et al.
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.131-154
maio
/
ago
. 2014.
Disponível em <
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é o de convencer os consumidores a comprarem novos produtos que
não necessariamente representam de fato uma novidade qualitativa
em suas formas. Assim, o mercado (isto é, o capitalismo em geral)
mantém-se em expansão, sendo aquecido pela remessa desses
produtos aparentemente novos. Embora Adorno e Horkheimer (1985)
compreendam esse processo como aparência de novidade, Lyotard
o percebe como algo verdadeiramente positivo, na medida em que
impede que o sistema caia em homeostase.
A arte, de acordo com Adorno (1982) conserva um grau de
autonomia que pode auxiliar na formação de um sujeito crítico e
autônomo. A indústria cultural, ao contrário, pautar-se-ia pelo capital
e, por isso, seria regida por clichês que não contribuem para uma
experiência estética ampla e diversificada, ao mesmo tempo em que
estimula uma recepção estética imediatista e acrítica. Essa distinção
entre ambos não ocorre na obra de Lyotard.
Em sua exaltação do novo e exótico por si, Lyotard
deliberadamente confunde arte e cultura de massa como
desdobramento de sua metanarrativa orientada pelo capital. Em
consonância com isso, descreve o indivíduo como um consumidor que
passeia pelas ruas das cidades grandes e tem sua libido chamada
para ser investida nos produtos promovidos pela arte gráfica. Lyotard
se desvencilha da concepção de sujeito crítico e autônomo, essencial
ao pensamento da Teoria Crítica. Contra o Iluminismo, Lyotard sugere
a reificação esteticista de uma cultura de massa.
D
o
lamento
à
celebração
do
declínio
da narrativa
Com o advento da sociedade capitalista, há, para Walter
Benjamin (2000), a crise da experiência (Erfahrung) e o declínio
da narrativa. Nesse contexto, o que é chamado de experiência
transforma-se em vivência, ou seja, os eventos pontuais, singulares
e intransferíveis. Isso significa que a experiência
... fica substituída por um estado informativo pontual,
desconectado, intercambiável e efêmero, e que se
sabe que ficará borrado no próximo instante por outras
informações. Em lugar do
temps durée
, conexão de um
viver em si relativamente uníssono que se desemboca
no julgamento, se coloca um “É isso” sem julgamento,
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