Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 52

Na contramão das atuais correntes... -
Hans-Georg Fickinger
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. 2014.
Disponível em <
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mesmo para as Ciências Naturais,
7
a maioria das Ciências Sociais
e Humanas ainda tentam realizá-la. Com um agravo: quando se
trata do mundo social, a dificuldade de distinguir objeto e sujeito da
investigação é ainda maior, já que o mergulho de cada pesquisador no
mundo social por ele investigado e seu envolvimento inextricável com
o mesmo é inquestionável. Foi no intuito de driblar essa constelação
que se criou a distinção artificial – e, diga-se de passagem, muito
mal sucedida – entre o sujeito observador e o mundo empírico-
objetivo. Encontram-se fortes adeptos dessa visão empirista, entre
outros, na Psicologia e na Sociologia, que desenvolvem seus métodos
na certeza de estarem lidando com fatos efetivamente objetivos.
É neste sentido que se fala em uma Psicologia empírica, em uma
Sociologia empírica e, em geral, de Ciências Sociais empíricas. Tais
áreas, lamentavelmente, não se deram conta de estar caindo na
armadilha preparada pelo fetiche da objetividade. Pois não podemos
acreditar na objetividade de uma abordagem qualquer da realidade
social. Sabemos de sobejo que o sociólogo faz parte da sociedade
por ele investigada e sabemos também que o psicólogo modifica o
comportamento de seu cliente mediante sua intervenção; o mesmo
acontece com o jurista, que influencia não só o comportamento do
réu com sua própria postura, senão também, com isso, os fatores
que contribuirão para o julgamento do mesmo. E eis que chegamos,
afinal, ao que nos interessa nesse contexto. Infelizmente, nemmesmo
a Pedagogia escapou ao fetiche da objetividade e também ela
incorreu nesse engano. Referirei, por isso, a seguir, algumas poucas
entre as muitas características que apontam para esse procedimento
objetificador na educação; um procedimento que tem dado sérias
dores de cabeça aos pedagogos mais sérios.
É inegável que, em nossos dias, o aumento exponencial das
disciplinas e do saber reforça a necessidade de encontrar orientações
neste mar de informações e posicionamentos. Na verdade, o modelo
do saber objetivo-científico torna o processo educacional uma luta
contra as incertezas trazidas pelo grau de sua complexidade, um
problema que enfrentam tanto os educandos como os educadores. De
onde se entende também a tendência, hoje existente, de apresentar
conhecimentos de modo afirmativo como se contivessem verdades
7 Compare Thomas S. Kuhn em
The structure of scientific revolutions
, Chicago 1962; P.
Feyerabend em Against Method, London 1975, e os vários ensaios de grandes físicos que
vinculam a Física a referenciais transcendentes.
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