Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 35

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A constituição do campo ... -
Antônio Joaquim Severino
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maio
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. 2014.
Disponível em <
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conhecer. As possíveis referências ao nosso agir demandam alguma
iluminação do conhecer. De qualquer modo, a tarefa axiológica, no
âmbito da Filosofia da Educação não está esgotada, pois os sentidos
valorativos, potencialmente norteadores da ação educativa, devem
ser construídos nas sinuosidades da História real.
É considerando a educação como uma prática historicossocial,
constituindo assim um aspecto concreto da realidade, que se pode
dar ao campo epistêmico da Filosofia da Educação um objeto bem
específico. Vale dizer então que, qualquer que seja a concepção
do filosofar que esteja em pauta, a Filosofia da Educação precisa
pensar a realidade educacional concreta. Trata-se de abordar essa
realidade
modo philosophico
e isso nos interpela quanto à perspectiva
de interlocução com os pensadores, com a obra dos filósofos que,
ao longo da história de nossa cultura, pensaram a condição do
existir humano, o conhecimento e os requisitos da ação. Há que se
reconhecer que o conhecimento, sob todas suas modalidades, é uma
criação coletiva, resultante do empenho de um sujeito coletivo que
atuou ao longo da temporalidade histórica, em todos os quadrantes
da cultura humana. E também que ele é, originaria e intrinsecamente,
ferramenta característica e privilegiada da espécie para a condução de
seu destino, uma vez que só por ele podemos dar sentido às práticas
mediadoras de nossa existência. No caso do conhecimento filosófico,
esse produto expressa o processo do filosofar. Daí a necessidade da
sua retomada, não para o fim de contemplá-lo ou para aumentar
nossa erudição informativa. O resultado desse trabalho nos é legado
pelo acervo cultural, em relação ao qual não temos apenas direito,
mas também o dever de nos apropriar para que possamos dar
continuidade a seu crescimento e a seu enriquecimento. Todavia, isso
só tem fecundidade quando é feito mediante um diálogo competente
e crítico. Filosofar é, necessariamente, pensar filosoficamente a
realidade, que se dá sempre de modo histórico concreto.
Quando colocamos em pauta a tarefa da Filosofia da Educação
é sempre oportuno, pertinente e enriquecedor referirmo-nos à
contribuição da saudosa colega Maria Célia Marcondes de Moraes,
destacada integrante do GT que desempenhou também significativo
papel no desenvolvimento da área de educação no âmbito da Pós-
Graduação nacional. Além desta contribuição de cunho institucional,
Maria Célia teve participação intensa e extensa no debate sobre o
campo epistêmico da pesquisa educacional e, consequentemente,
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