Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 34

A constituição do campo ... -
Antônio Joaquim Severino
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. 2014.
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novo modo de pensar ao descrever os matizes do nosso existir
contemporâneo, bem como as pertinentes críticas que faz ao
positivismo, ao iluminismo e ao cientificismo racionalista, o olhar
e o abordar do fenômeno práxico da educação demandam uma
perspectiva que vai além da singularidade desejante dos indivíduos e
grupos. Assim, é preciso rever a própria significação de cientificidade
quando se trata do conhecimento na esfera educacional.
Não há dúvida de que questões epistemológicas não são as
questões fundamentais da educação. Certamente, é a condição dos
sujeitos envolvidos no processo educativo que é o núcleo do problema,
até porque é nele que se concentra a própria destinação da educação.
Essa destinação parece ser óbvia – a formação humana – e não está
em questão. A dificuldade está em se configurar historicamente sua
condição em concretude. Trata de sabermos como essa condição
realiza-se nas coordenadas históricas concretas, de modo a tornar-
se mais adequada, mais coerente. Isso quer dizer que precisamos
dar um sentido a nossa própria existência uma vez que ele não se
afirma automaticamente. Eis, aí, em pauta a questão antropológica
e suas decorrências. Por isso, é de pertinência e relevância centrar
as preocupações sobre a formação humana, como o GT tem feito
ultimamente. Pois tratar da formação humana coloca empauta a busca
de referências para se explicitar mediações que possam desenhar
a condição do existir histórico dos homens. Mas não me parece
suficiente considerar a questão da formação como o núcleo forte
do campo de conhecimento da Filosofia da Educação, não por uma
eventual falta de identidade, mas porque se trata de um objeto cujo
alcance de compreensividade é por demais abrangente, é universal,
e desse modo, não poderia assegurar referência de identidade
para esse campo. E quando o objeto é o todo, ele não discrimina
e caracteriza as partes. O que quero dizer é que o núcleo temático
que definirá a identidade do campo do conhecimento educacional é
necessariamente uma malha complexa de aspectos relacionados ao
existir histórico dos homens. Entre esses aspectos está, certamente,
com merecido destaque, o da formação humana.
O problema nuclear e mais crucial que interpela o ser humano
de modo geral e os homens envolvidos com a educação é o do sentido
da prática educativa. É a questão do agir e, consequentemente, da
busca e aplicação de valores. É que o nosso modo de ser decorre
muito mais do nosso modo de agir do que de nosso modo de
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