Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 118

Experiência e vida danificada... -
Franciele Bete Petry
et al.
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. 2014.
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se assemelharia à máquina na doença”, o que ocorre no estado de
guerra, quando um novo ritmo acaba sendo incorporado, invadindo o
espaço em que a experiência residiria, em que o tempo e uma relação
com a realidade seria possível ser tocada e cuja apropriação seria
a própria experiência. Mas com a guerra essa relação desaparece.
Como escreve Tiburi,
... o corpo-máquina substituiria o corpo-orgânico:
o próprio conceito de máquina já define a questão:
ele implica a ausência de autoconsciência, posta a
inexistência de subjetividade autônoma e considerada
sua heteronomia como constitutiva desde o fato de
que a máquina não pode ser o primeiro motivo de seu
funcionamento. Assim é que o corpo sempre precisou
ser comandado por um suposto “espírito”. A eliminação
da experiência é a eliminação do corpo, não no sentido
de sua destruição absoluta, mas de sua transformação
em mera matéria através do que se poderia chamar
uma despotencialização da sua sensibilidade. (TIBURI,
2004, p. 172).
Contudo, prossegue Tiburi, não é apenas esse definhamento
da sensibilidade que “adoece” o corpo, mas a impossibilidade
daquilo que é por ele vivenciado ser trazido à expressão, ou seja,
ser comunicado. A relação entre o corpo e a máquina se mostra,
então, em diferentes dimensões que se complementam: primeiro,
a intensidade dos choques e a ausência de um modo adequado
pelo qual eles seriam recebidos significa o rompimento de uma
barreira que protegeria o indivíduo de tal violência; segundo,
essa desproporção sequer pode ser expressa linguisticamente,
resultando, assim, na impossibilidade da narração: “a experiência
do corpo não é tocada pela máquina na qual ele mesmo se torna:
com a transformação do corpo em máquina, perde-se algo do
corpo e constitui-se uma interdição do falar sobre o corpo que em
última instância é uma interdição ao falar em geral.” (TIBURI,
2004, p.183).
É nesse sentido que veremos Adorno e Horkheimer (1985)
afirmar, em
Interesse pelo corpo
, presente nas Notas e esboços da
Dialética do esclarecimento
, que o corpo permanecerá um cadáver,
ainda que seja muito exercitado, na medida em que o corpo físico
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