Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 243

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José Barata-Moura... -
Avelino da R. Oliveira e Antonio F. L. Dias
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. 2014.
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que “elas apoiam” e, também, digamos “uma compreensão”
de que, por muito importante que as ideias sejam, por muito
importante que o pensar seja, e é [importante] com certeza, ele
está sempre montado sobre um viver também.
Portanto, é por aí que, de alguma maneira, numa base materialista
e com alguma capacidade dialética, a relação com esse plano das
ideias pode ser anulado, ou pode ser anulado [superado] de uma
maneira [dialética] que é uma maneira fecunda [isto é: “crítica
e revolucionária”]. De todos os textos polêmicos do Marx, e são
tantos em termos de volume, pode-se dizer: “o homem é um
materialista e não quer saber das ideias”. Enfim, salvo melhor
opinião, penso que isso será um juízo muito precipitado (risos).
AD—
Parece que há ummedo forte de que, ao se admitir um valor às
ideias, esse ato de admissão de algum valor às ideias no processo
de constituição do real implique descambar, inevitavelmente,
para o “idealismo” e as “armadilhas da subjetividade” etc. Esse
receio, em muitos teóricos do marxismo, mesmo em teóricos de
hoje, isso é muito forte. Por quê?
JB-M —
Eu penso que esse tema pode não apenas ser estudado,
mas que está presente. E se nós quiséssemos “estreitar um
pouco a banda”, estreitar a banda leva-nos desde 1845/46 até
cinquenta anos depois, nas últimas cartas do Engels, em que ele
volta “à questão da ideologia”, e “à questão da autonomia”, e “à
autonomina relativa das ideias” etc., e [diz] que, efetivamente,
há sistemas de interação que não são mecânicos e nem são
unidirecionais e unilaterais. E, portanto, o problema fundamental
não é falar sobre as ideias; o fundamental é: como é que elas
são pensadas, como é que elas são incluídas naquilo que é o
processo do viver e, se quisermos abordar isto de um ponto de
vista político, que papel é que elas desempenham num processo de
transformação da realidade. E aí, eu diria que não é falar de ideias
por falar de ideias que, automaticamente, temos idealismo ou
temos materialismo. Agora, a maneira como se fala e, sobretudo,
a maneira como elas são usadas, empregues e articuladas
àquilo que é um processo material de transformação, então aí
há diferenças muito importantes e isso é, com certeza, muito
importante. E, portanto, é ai [sobre isso] que há de se decidir.
AD —
Professor, para Marx, não há dúvidas de que as ideias são
“produtos” ou “determinações” das condições materiais...
JB-M —
As ideias são produtos mesmo quando elas têm uma carga
de criatividade associada. Porque o fato de ser produto — isto
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