Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 239

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José Barata-Moura... -
Avelino da R. Oliveira e Antonio F. L. Dias
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.231-250
maio
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ago
. 2014.
Disponível em <
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resposta. Formulam o problema e elaboram sua resposta. E há,
também, muitos pensadores e muitos filósofos, ao longo de toda
a História da Filosofia, em que nós encontramos elaborações da
resposta, embora nós não encontremos, digamos, a pergunta.
E, por exemplo, no caso de Platão, do Aristóteles e do Hegel
encontramos a pergunta e encontramos a resposta.
Afinal de contas, “o que é aquilo que
é
?”. Reparem: isto vem
desde os gregos, desde os milésios, desde os fisiólogos, a pergunta
pela
arché
, a pergunta pelo “princípio”, é uma formulação, é
uma manifestação dessa mesma questão: afinal, “o que é que
é
“. A maneira como o Demócrito, por exemplo, faz a crítica da
“sensação” e, digamos, de uma certa “ilusão” que os sentidos
também proporcionam. O Demócrito, que é ummaterialista, mas
que é um materialista para quem aquilo que é são os “átomos”.
E, portanto, digamos, aquilo que aparece na sua configuração
sensível tem de ser atendido, mas não é efetivamente aquilo que
é
.
Agora, a partir daqui, o percurso é muito largo. Porque há muitas
concepções, desde os místicos até o Heidegger, passando pelo
Schelling, por exemplo, para quem, a resposta à pergunta “o
que é aquilo
é
“ é dada através de uma teoria “sobre o nada”.
Porque “o
Ser
” se prende com aquilo que constitui os entes na
sua particularidade, positividade, naturalidade, o que “está-aí “
etc., etc. E, aquilo que eles querem chamar a atenção é [acerca
de quais são] as condições de possibilidades para que haja esse
Ser. E muitas vezes eles formulam isso [as condições] através
do “nada”. E, portanto, se o mundo “
é
“, a condição de sua
possibilidade tem que ser “o nada”. Ou: se o mundo dos entes
é
,
e o
Dasein
, e digamos essa existencialidade da condição humana
é o que torna possível esse “ver o mundo”, então, ai é “o nada” e
o homem é o “pastor do Ser”. As formulações, o problema pode
está lá, as formulações podem ser diversas e as respostas são
muito diversas, também.
A resposta do Marx, digamos que não é uma resposta taxativa
em termos de formulação, embora seja uma resposta que se
adivinha e se expressa em seus contornos em alguns textos
importantes. O Marx, naqueles poucos textos dos
Manuscritos de
57/58
4
, ou no
Posfácio da segunda edição alemã de O Capital,
por exemplo; a resposta [do Marx] é alguma coisa que, depois, o
Engels, — atenção: com direto conhecimento do Marx — formula,
4 Trata-se dos Grundrisse.
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