Cadernos de Pesquisa - Volume 9 - número 22 - page 224

Infância e filosofia... -
Vilmar A. Pereira e Jaqueline C. Eichenberger
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. 2014.
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que a bondade presente neste estágio era natural e ingênua. Caberia,
portanto, à educação da infância a tarefa de moralizar a criança. Outro
aspecto que foi bastante salientado é que a maioria dos autores que
trabalha a temática da infância aponta para ela como uma categoria
metafísica e para as crianças como sendo os expoentes empíricos
em que a infância é vivida. No entanto, há que ser dito que entre a
infância pensada como categoria metafísica e as crianças como seres
históricos e concretos, existe uma grande diferença.
A diferença consiste, principalmente, no fato de que o sujeito,
concebendo-se como portador de sentido, atribui conotações
metafísicas que idealizaram a infância que nem sempre condizem
com os interesses e vivências das crianças. Com essas definições,
acaba por afastar o infantil de suas vivências cotidianas. Num
primeiro momento, as definições são altamente relevantes, pois
permitem que a infância seja dita de várias formas e num segundo
momento, ao dizer a infância, são manifestados anseios em relação
a ela que até hoje não foram concretizados, criando a partir deles
certo distanciamento entre a infância e a criança como real.
Com o anseio de dar novo sentido ao contexto da época, o
viés assumido pela subjetividade moderna aparece em cada um
dos pensadores que se ocupam com a temática. Eles ampliam
significativamente o papel do
infantil
na história da educação; apenas
equivocam-se por pretender que, usando o
infantil
como condição
necessária para atingir a efetivação das condições da educação do
sujeito, que é sustentada pelo princípio da subjetividade, chegaria à
constituição de um novo ator social preparado para viver numa nova
sociedade. Isso ficou apenas na esfera do intangível. De qualquer
modo, não podemos invalidar em cada um desses autores, os seus
esforços para dizerem a infância de forma brilhante.
Ao direcionar um olhar para a infância, os pensadores modernos
permitiram um ensaio interessante. A partir deste ensaio, nos é
possível perceber o quanto somos profundamente devedores de
suas concepções e, é claro, que a nossa crítica em relação aos
seus postulados é fácil de ser feita, principalmente porque estamos
observando-os de outro horizonte que é o do pensamento pós-
metafísico. Cabe dizer também que tanto a pretensão de um sujeito
autônomo como a demarcação de uma infância “pura”, que necessita
de muitos cuidados, adentram o terreno da educação e os modos
de vida da sociedade moderna reivindicando novas metodologias e
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