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Perséctivas político...
Pâmela F. Oliveira e Carlos H. Carvalho
Percebemos, porém, que muitas vezes tais reformas deixavam
a desejar em modificações mais profundas e significativas no
sistema de ensino, assim como se distanciaram, na prática,
das propostas expostas e defendidas discursivamente. Por isso,
foram vistas como fragmentadas, desarticuladas, parciais,
arbitrárias, lançadas sem solidez econômica e sem visão global
do problema. Nesse contexto de mudanças e discussões sobre a
instrução pública como fator de modernização do país, insere-se
a Reforma Educacional Francisco Campos. Atentos às mudanças
e perspectivas no ensino primário nacional e estadual, seus
idealizadores — Antônio Carlos, então presidente de Minas Gerais,
e Francisco Campos, secretário do Interior — esforçaram-se para
promover melhorias na educação como forma de consolidar o
progresso e a modernização do estado.
Essa reforma surgiu justificada pela precariedade
das escolas estaduais e pela modernidade que a
implantação desses estabelecimentos traduziria.
Ela pôs a educação pública no centro do debate
político e abrangeu assuntos como organização de
suas esferas e competências, verbas para educação
e definição dos contornos da educação mineira
contemporânea e futura. Sua finalidade era instituir
uma política educacional segundo princípios e bases
modernos. Dizia-se que era necessária e que deveria
começar pela instrução primária — mais útil à massa
de cidadãos porque o país só se desenvolveria e
se modernizaria através da escola, que deveria
capacitá-los a entender seus direitos e seus deveres.
Ao difundirem a escola primária, visualizavam a
possibilidade de controle, fundamental à formação
do país e de seu povo.
Assim, neste artigo, buscamos identificar, nas especificidades
de Minas Gerais, como a Reforma Francisco Campos incorporou
os ideais do movimento escolanovista, então visto como parte
de um projeto de modernização do país, além de atentarmos às
mudanças que esta proporcionou ao ensino mineiro na primeira
metade do século
xx
com base em leis e decretos educacionais
promulgados durante o governo de Antônio Carlos.