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O projeto de expansão... -
Leandro Turmena e Maria José Subtil
pela ausência do Estado na promoção da educação pública em
nível superior e, sim, pela sua presença no atendimento das
demandas do capital na medida em que, assumindo característica
gestora, legislou e financiou a educação superior às necessidades
do privado.
A pesquisa evidenciou que o ensino superior que se expande
na lógica do mercado é fruto do “mercado do conhecimento”
aplicado à formação do trabalho complexo para atender à lógica
do “conhecimento para o mercado”.
A diplomação em nível superior abarca a ideologia da
qualificação para o trabalho complexo. No entanto, a qualificação
vem se tornando numa desqualificação, uma vez que o trabalhador
precisa de uma qualificação mínima para o mercado de trabalho.
De acordo com Frigotto (2001), o que é necessário para a
funcionalidade das empresas produtivas e organizações em geral
e para instaurar uma mentalidade consumista é um nível mínimo
de cálculo, leitura e escrita, e o desenvolvimento de determinados
traços socioculturais, políticos e ideológicos.
Na investigação, constatamos que a função do Estado
caracterizou-se como Estado mínimo, o que significa afirmar que
não atendeu somente à lógica do capital. Houve, também, a oferta
de ensino superior público que, embora também inserido nos
limites da sociedade de classes, nas lógicas do capital, constitui
uma possibilidade de formação e desenvolvimento da pesquisa em
sentido universitário.
Nesta perspectiva, podemos afirmar que numa leitura dialética
da realidade admite-se que o Estado não é absolutamente burguês,
também a educação não é absolutamente expressão da vontade
burguesa, contudo a hegemonia do capital fez com que se efetivasse
a relação entre trabalho simples e trabalho complexo, no sentido
de explicitar a qualificação formal e a desqualificação real da
classe trabalhadora sob a égide do discurso do “desenvolvimento
sustentável” e da empregabilidade.
O termo empregabilidade tem sido utilizado como um viés
ideológico, procurando responsabilizar o próprio trabalhador pela
inserção ou não no mercado de trabalho e superação da pobreza.
Tal raciocínio decorre da propalada sociedade do conhecimento
e/ou da informação na qual a conquista de vagas no mercado de
trabalho e a própria equalização social seriam decorrentes do acesso