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O projeto de expansão... -
Leandro Turmena e Maria José Subtil
cumpriria a tarefa de ampliar mais qualificadamente a massa de
consumidores”.
Com o intuito de adequar a universidade ao mercado nos
anos 1990, a universidade passou a ter caráter operacional. Regida
por contratos de gestão, avaliada por índices de produtividade,
pensada para ser flexível, esta universidade está virada para dentro
de si mesma. É visível o aumento de horas-aula, a diminuição do
tempo para mestrados e doutorados [BIANCHETI; MACHADO,
2002], a avaliação pela quantidade de publicações, congressos,
multiplicação de comissões e relatórios, etc. (CHAUÍ, 1999).
Segundo a autora, nesta universidade ocorre a desvalorização
da docência. A formação cedeu espaço para o treinamento e
adestramento. Neste caso, é instigante perguntar: O que é a
pesquisa numa universidade operacional sob a ideologia pós-
moderna?
Para a ideologia pós-moderna, a razão, a verdade e a história
são mitos. Em tempos também de “recuo da teoria” [MORAES,
2003], a pesquisa nesta universidade só pode ser entendida como
posse de instrumentos para intervir e controlar alguma coisa.
Pesquisa não é o conhecimento de alguma coisa. Neste local não há
tempo para a reflexão, crítica, exame de conhecimentos instituídos,
sua mudança ou sua superação. A pesquisa se reduz à delimitação
estratégica de um campo de intervenção e controle em que só pode
ser avaliada em termos de custo-benefício, regulada pela lógica da
produtividade, que avalia o tempo, o custo e o quanto foi produzido
(CHAUI, 1999).
De acordo com a autora, esta universidade não cria e não
forma pensamento. Ela destrói a curiosidade e a admiração que
levam à descoberta do novo e ainda, reduz a nada a pretensão
de transformação histórica como ação de homens e mulheres em
condições materialmente determinadas.
Se por pesquisa entendermos a investigação de algo
que nos lança na interrogação, que nos pede reflexão,
crítica, enfrentamento com o instituído, descoberta,
invenção e criação; se por pesquisa entendermos o
trabalho do pensamento e da linguagem para pensar
e dizer o que ainda não foi pensado e nem dito; se
por pesquisa entendermos uma visão compreensiva
de totalidades e sínteses abertas que suscitam a