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O projeto de expansão... -
Leandro Turmena e Maria José Subtil
oferecendo, em consequência, um ensino de qualidade inferior”
(SAVIANI, 1985, p. 14). Importante complementar a partir deste
autor que “(...) num tipo de sociedade como a nossa, o padrão de
qualidade é definido pela elite, portanto, pela minoria” (p. 14).
De acordo com Neves e Pronko (2008), os organismos
internacionais associam elitismo às universidades o que faz com
que condenem o modelo universitário. Não se pode ignorar esta
afirmação dos intelectuais orgânicos da burguesia mundial.
Contudo, ao invés de os mesmos defenderem a ampliação do ensino
superior público para que a população em geral tivesse acesso,
a estratégia usada foi de diversificar as instituições de ensino
superior - sistema de educação terciária (BARRETO, LEHER, 2008)
– regulada por mecanismos de controle e avaliação estatal. Esta foi
a solução que o capital encontrou para que as camadas populares
mais amplas tivessem acesso a este nível de ensino.
O sistema de educação terciária permite (...) que
parcela da classe operária ‘chegue ao paraíso’, desde
que entre pela porta dos fundos. A entrada principal
(...) continua restrita àqueles que, em número reduzido,
majoritariamente, concordem em atuar como prepostos
das classes dominantes na organização da nova cultura
(NEVES;PRONKO, 2008, p. 130-131).
Torna-se evidente que a função assumida pelo Estado é de um
“(...) Estado gestor, que carrega em si a racionalidade empresarial
das empresas capitalistas transnacionais, tornando-se as teorias
organizacionais, antes restritas aos muros das fábricas, as verdadeiras
teorias políticas do Estado moderno” (SILVA JR, 2002, p. 62).
Segundo Pereira (
apud
SILVA JR, 2002), o Estado gestor deveria
se assemelhar ao setor privado. Ou seja, ter maior flexibilidade na
administração direta, com o auxílio das denominadas organizações
sociais, congêneres das organizações não-governamentais, no âmbito
do Estado. Estas entidades administrativas de serviços públicos
seriam “entidades públicas não-estatais” ou “fundações públicas
de direito privado”.
Este cenário provoca uma inversão de funções que a educação
superior enfrenta a partir desta configuração do sistema capitalista.
A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão propostos