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O projeto de expansão... -
Leandro Turmena e Maria José Subtil
desqualificação para a classe trabalhadora. Sendo assim, a
produtividade da escola em nível superior é produtiva para o capital
e, contraditoriamente, é improdutiva sob o viés da classe trabalhadora
(FRIGOTTO, 2001). De acordo com o autor, a escola é funcional pelo
que nega e subtrai. Na ótica da classe trabalhadora, a qualificação
formal é na verdade a desqualificação real.
Embora em geral ainda seja uma utopia é visível a contradição
à ideologia teórica do capital (não-crítica) de educadores
comprometidos com a emancipação humana. Esta é, sem sombra
de dúvidas, uma luta árdua e desafiadora que demanda “(...)
organização, disciplina, qualificação técnica e direção política, e
necessita de intelectuais que reúnam, ao mesmo tempo, a capacidade
técnica e a opção política na direção dos interesses dos dominados”
(FRIGOTTO, 2001, p. 185).
Na história da educação brasileira, segundo o autor, nota-se
que os trabalhadores tiveram a ‘não-escola’, a escola desqualificada,
a escola que despreza seu saber acumulado. Neste sentido, a luta
pela apropriação do saber elaborado, sistematizado e historicamente
acumulado pela classe trabalhadora aponta o caráter contraditório
no espaço escolar, neste caso, no ensino superior. Até porque este
saber não é por natureza propriedade da burguesia.
Como já problematizado, a ótica neoliberal de educar e treinar
a força de trabalho para uma possível melhoria da economia,
distribuição de renda e a qualificação dos empregos ancorada na
ideologia de que quanto mais capacitado o trabalhador, maiores as
suas chances de ingressar e/ou permanecer no mercado de trabalho,
fez com que uma demanda significativa da população procurasse no
ensino superior a capacitação para o trabalho complexo como meio
para melhorar sua condição de vida.
Importante enfatizar, segundo Saviani (1985) que a educação
básica pública se articula com o ensino superior privado e, em
contrapartida, o ensino básico privado se articula com o ensino
superior público. Isto quer dizer que os membros da elite são
preparados em caras escolas particulares para conquistarem as
poucas e disputadas vagas das universidades públicas. Entretanto,
aqueles que não integram as elites econômicas e/ou cultural,
frequentam a educação básica pública. Na maioria dos casos, os que
“teimarem em seguir estudos” em nível superior terão que ingressar
em IES privadas “(...) que operam em condições mais precárias,