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O projeto de expansão... -
Leandro Turmena e Maria José Subtil
Segundo estas autoras, do ponto de vista do capital, a
formação para o trabalho complexo tem por função preparar
especialistas que aumentem a produtividade do trabalho sob
sua direção e formar intelectuais orgânicos da sociabilidade
capitalista.
Percebe-se a dualidade histórica que foi sendo definida para
a educação escolar no que diz respeito à formação para o trabalho
complexo. De um lado, o ramo científico de tradição humanista,
ligado à formação de base científico-filosófica (mediatista) que
confere historicamente aos que dele se beneficiam, um “passaporte
para as funções de direção da sociedade” (NEVES; PRONKO,
2008, p. 28). Por outro lado, o ramo tecnológico caracterizado
por uma relação mais estreita entre educação e produção de bens
e serviços (imediatista), tendo por base os princípios científico-
tecnológicos da técnica, formando assim especialistas e dirigentes
no âmbito da produção. Importante registrar, segundo estas
autoras, que a formação de escolaridade tecnológica não deve ser
confundida com as atividades de formação técnico-profissional
objetivando “ao desenvolvimento de habilidades específicas
voltadas para sua aplicação direta na produção de bens e, mais
contemporaneamente, de serviços, ou seja, para o treinamento
dos trabalhadores” (NEVES; PRONKO, 2008, p. 28).
A reestruturação produtiva, sob a égide de uma política
neoliberal passou a demandar a reestruturação qualitativa e
quantitativa do trabalho complexo sob a direção do capital. Neste
contexto, implicou - sendo o ensino superior o grau mínimo de
escolarização para a capacitação do trabalho complexo (em
ambos os ramos de qualificação, científico e tecnológico), o que
se manteve na LDB de 1996 - na expansão da oferta de vagas na
educação superior escolar e também na organização curricular
voltada para o desenvolvimento técnico dos intelectuais orgânicos
da burguesia, no intuito de que venham a garantir a reprodução
do capitalismo e a coesão social (NEVES;PRONKO, 2008).
No início do século XXI, a formação para o trabalho
complexo nas formações sociais de capitalismo dependente ganha
centralidade no discurso dos organismos multilaterais que visam
a oferecer aos países pobres as receitas do desenvolvimento,
como visto anteriormente. Estes discursos propõem ajustes
estruturais e superestruturais que objetivam fincar os pilares para