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Letramento digital... -
Denyse M. da S. Ataíde e Maria José Pinho
extremamente favorável para refiná-lo e torná-lo mais claro e
preciso”, uma vez que estamos vivendo a emergência de novas e
incipientes modalidades de práticas sociais de leitura e de escrita,
propiciadas pelas recentes tecnologias de comunicação eletrônica – o
computador, a rede (a
web
), a
Internet.
No tocante ao letramento digital, Noveleto & Claus (2007)
sustentam que este tem apresentado avanços importantes, mas
vem enfrentando vários desafios, sendo que o maior problema
identificado na implantação das novas tecnologias de comunicação
e informação na área educacional não está na falta de equipamentos
(computadores, televisores, rádios, DVD, acesso à
Internet
ou outros
recursos equivalentes), mas no fato de não se saber utilizar tais
recursos como incremento educacional, resultando no crescente
analfabetismo informacional, caracterizado pela dificuldade de se
assimilar uma grande quantidade de informações e se lidar com a
diversidade de suportes e ferramentas de acesso a elas, as quais são,
muitas vezes, subutilizados.
Em paralelo, a teoria bakhtiana pode ser um ponto de relevância
para se pensar o letramento digital. Segundo Machado (1996), as
dimensões do sistema teórico de Bakhtin parecem avançar cada
vez mais para fora de seus limites, fornecendo instrumentos para
se pensar questões específicas da linguagem, do pensamento, dos
sistemas de signos tal como são vivenciados hoje em nossa cultura.
Porém, dentro do contexto de linguagem digital, cabe uma concreta
reflexão sobre os pressupostos colocados por Bakhtin (1988), para
quem a linguagem é um fenômeno eminentemente social, que se
processa na e pela interação entre dois ou mais interlocutores.
Assim, em qualquer processo de formação prática de leitura e
escrita ou situação comunicacional, como acontece nas relações que
mantemos com a
Internet,
a interação com o outro, mesmo sendo
noutro nível de corporeidade, corresponde a atos de fala impressos
que, para Bakhtin & Voloshinov:
[...] é objeto de discussões ativas sob a forma de diálogo
e, além disso, é feito para ser apreendido de maneira
ativa, para ser estudado a fundo, comentado e criticado
no ato do discurso interior, sem contar as reações
impressas institucionalizadas [...]. Assim, o discurso
escrito é de certa maneira parte integrante de uma