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Discurso da imprensa sobre ação... -
Rosalir Viebrantz
et al.
lado, um alto grau de privatização. Por outro lado, esse processo
possibilitou uma transformação nesse nível de ensino, pois
embora sem ampla cobertura, a oferta ampliou-se, com uma
diversificação do público quanto à renda e à faixa etária, entre
outros. As políticas afirmativas, em específico as cotas para o
ingresso da população brasileira afrodescendente à Educação
Superior, têm sido utilizadas como ações reparadoras por
instituições que, ao fazer uso destas, contribuem para que a
sociedade brasileira possa amenizar as consequências sofridas
por aqueles que são vítimas do racismo e da discriminação
racial.
5 C
onsiderações
finais
Quanto à temática da educação de professores e ações
afirmativas: entre a injustiça simbólica e a injustiça econômica,
concluímos que o único modo possível para uma integração
dos negros na formação de professores e na pesquisa científica
brasileira é por um sistema amplo de ações afirmativas. Entretanto,
pensamos que o CNPq terá que reservar bolsas de preferência para
pesquisadores negros empobrecidos, começando pelos professores
negros que já estão inseridos nas universidades e que desenvolvem
pesquisas e orientações de estudantes negros, para que se
fortaleçam e ajudem a formar uma rede de pesquisadores.
Os jornais em estudo fomentam o debate sobre o acesso
e a qualidade em educação, mas centram prioritariamente suas
reportagens sobre as AA. A Folha de S. Paulo possui um número
maior de reportagens sobre a temática analisada, assim sendo,
se manifesta mais favorável às AA e à questão do debate sobre
a identidade racial, acesso e qualidade em educação. Entretanto,
mesmo fazendo profundas críticas e com um número bem menor de
reportagens, o jornal O Globo “defende” as políticas de AA, desde
que tenham lugar no ensino público básico, com caráter universal
e de classe, pois deveria abranger a todos os empobrecidos,
independente da cor (O GLOBO, 25/09/2008). O jornal reivindica
que o Governo adote seu conceito ampliado de AA, em que afirma
que: “É indiscutível a necessidade de ações afirmativas. Mas que
não sejam excludentes. Deve-se cuidar de todos os desassistidos,
não apenas dos negros. A melhor alternativa é um esforço geral,