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Discurso da imprensa sobre ação... -
Rosalir Viebrantz
et al.
especialistas em ensino superior divergem sobre a adoção de reserva
de vagas para docentes de universidades. Os contrários à proposta
afirmam que os concursos devem selecionar os melhores candidatos,
sem considerar suas origens. Os favoráveis dizem que as cotas
podem trazer uma benéfica diversidade para o setor. A reportagem
afirma também que deverá haver até dificuldades para preencher
essas vagas, pois “os candidatos precisam ter, no mínimo, mestrado.
A população negra com esse título é pequena”. A reportagem
defende o sistema de cotas para professores afrodescendentes por
três motivos. O primeiro é jurídico e está embasado nas medidas de
igualdade. O segundo é social. “Se o Brasil tem quase metade da
população que se autodeclara negra, é chocante quase não haver
docentes negros nas universidades.” Por fim, apresenta argumentos
políticos. “É fundamental ter cotas para que se tenha na elite um
território menos branco.”
A presença do professor pesquisador negro, empobrecido,
nas universidades é ainda no Brasil “invisível”. A diminuição das
desigualdades precisa de medidas práticas e não só de discurso.
Em suma, os negros, empobrecidos, representam quase a metade
da população brasileira. No Censo Demográfico, aparecem como
pretos e pardos. Nos últimos quinhentos anos, foram responsáveis
por boa parte do serviço duro e pesado que resultou na construção
deste País. Contudo, na hora da divisão dos frutos desse esforço,
eles ficaram com as sobras e ou migalhas.
b)
Identidade racial, relações raciais, raça e racismo.
O debate atual
sobre identidade racial, a existência ou não do racismo no Brasil
e sobre as formas de interação estabelecidas entre os diferentes
grupos de raça ou cor, está centrado em posicionamentos
divergentes a respeito do mito da democracia racial. Entretanto,
não se pretende, porém, limitar o problema ao passado
(GUIMARÃES, 1999; TELLES, 2003; MEDEIROS, 2004). Pelo
contrário, a forma atual e particular que a questão racial assume
manifesta a raça como outro, assim sendo, estamos diante dessa
modalidade original de preconceito, um preconceito alterativo
que localiza no próximo, ou no vizinho ao lado, a discriminação.
A ideia de que no Brasil não existe discriminação ou preconceitos
raciais e que as diferentes raças convivem em harmonia, já não