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Discurso da imprensa sobre ação... -
Rosalir Viebrantz
et al.
negros faz incidir a discriminação sobre os alunos negros,
pobres e ainda sobrecarregados financeiramente, uma injustiça
simbólica de carecer de figuras modelares de identificação que os
ajudem a construir uma autoimagem positiva e suficientemente
forte para resistir aos embates do meio acadêmico racista/
discriminatório em que estão inseridos. Se pararmos um pouco
de pensar nos estudantes e pensarmos nos professores que,
em última instância, votarão nos Conselhos Acadêmicos as
propostas de inclusão social/racial, descobriremos que 99% deles
são brancos. A primeira realidade que devemos ter em mente
é a de que é, ainda, no Brasil, muito mais alta a porcentagem
de professores brancos. Um ponto de partida, então, para as
discussões das ações afirmativas e a educação de professores
é lembrar o seguinte fato: “todas” as universidades do exterior
que são referência de excelência para a academia brasileira são
muito mais integradas racialmente que as nossas universidades.
Isso significa que estamos resistindo a iniciar uma integração
que já ocorreu nos chamados “centros de excelência”: Harvard,
Universidade do Texas, Oxford, Paris, Cambridge, Berlim,
Columbia, entre outras.
Se olharmos nossas universidades públicas e particulares,
brasileiras, perceberemos em nossos quadros docentes a quase
inexistência de professores negros em sala de aula. Já na pós-
graduação a temática torna-se mais agravante, devido à elitização e
branqueamento dos grupos de pesquisa. Se o número de professores
negros nas universidades públicas não chega a 1%, o número de
pesquisadores negros que participam do sistema de produtividade
em pesquisa não deve chegar a 0,5%. Nas poucas áreas que
conseguimos observar, há casos em que todos os pesquisadores,
sem exceção, são brancos. O único modo possível para uma
integração dos negros na pesquisa científica brasileira é por um
sistema amplo de ações afirmativas. O CNPq terá que reservar
bolsas de preferência para pesquisadores negros empobrecidos,
começando pelos professores negros que já estão inseridos nas
universidades e que desenvolvem pesquisas e orientações de
estudantes negros, para que se fortaleçam e ajudem a formar uma
rede de pesquisadores.
Em 2006, a Folha de São Paulo (04/02/2006) em suas
reportagens sobre “cota para docente negro” afirma que os