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Concepção de homem...
Alessandra Dal Lin e
Anita Helena Schlesener
homem tem como essência o seu gênero, a consciência e a religião.
Também estuda o homem como um ser ativo na natureza, ainda que
esta se apresente independente do homem, conforme a formulação
de Hegel. Entretanto, essas constatações parecem não ser suficientes
para Marx por não darem conta do ser social, universal e livre. Tais
abstrações acontecem porque se situam no campo do pensamento
ou da constatação/contemplação, não há nessas filosofias a
preocupação com a mudança social. Diante da lacuna estabelecida
entre as filosofias de Hegel e Feuerbach, é que Marx a partir da
crítica ao trabalho estranhado esclarece que o homem é concebido
como um ser genérico:
O homem é um ser genérico, não somente quando
prática e teoricamente faz do gênero, tanto do seu
próprio quanto do restante das coisas, o seu objeto,
mas também - e isto é somente uma outra expressão
da mesma coisa- quando se relaciona consigo mesmo
como (com) o gênero, vivo, presente, quando se
relaciona consigo mesmo como (com) um ser universal,
(e) por isso livre (MARX, 2004, p.83-84).
Esse raciocínio revela que o homem estabelece com a natureza
um elo, ou seja, “... o homem é uma parte da natureza”. Nesse
sentido, Marx diferencia a atividade natural e vital do animal, com
a atividade consciente, universal e livre que o homem estabelece
com a natureza. “A atividade vital consciente distingue o homem
imediatamente da atividade vital animal. Justamente, (e) só por isso,
ele é um ser genérico” (MARX, 2004, p. 84).
As características naturais do homem associadas a sua
capacidade genérica são vivenciadas com os demais homens num
processo contínuo de
vir a ser
, não como interação simples e casual,
mas como um vínculo ontológico-social do homem consigo mesmo,
com outros homens, ou na relação entre os homens. Ao produzir pelo
trabalho, o homem modifica a natureza externa e a si próprio. Essa
relação não é unilateral, mas essencialmente social. “Precisamente
por isso, na elaboração do mundo objetivo [é que] o homem se
confirma, em primeiro lugar e efetivamente, como ser genérico. Esta
produção é a sua vida genérica operativa”. Dessa forma, “o objeto
do trabalho é portanto
a objetivação da vida genérica do homem
(MARX, 2004, p. 85).