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Concepção de homem...
Alessandra Dal Lin e
Anita Helena Schlesener
considerado uma mercadoria. O resultado do trabalho estranhado
é a propriedade privada na forma do capital.
Ao explicar a dominação do capital sobre o trabalho Marx
aponta que o objetivo final sempre será o lucro, mesmo que sua
aplicação não seja benéfica para a sociedade, como é o caso da
exploração das forças produtivas da natureza. O aumento da riqueza,
a partir do acumulo de capital, faz com que se formem o que Marx
chamou de “acumulação multilateral”, ou seja, a concentração de
renda acontece ao mesmo tempo para vários capitalistas, mas pelo
fato de que o percentual de riqueza é diferente entre eles, surge
a concorrência. A partir das ações lícitas ou ilícitas de produção,
da manutenção da riqueza, da combinação de diversos ramos
da produção, alguns grupos se sobressaem sobre outros e por
possuírem poder acabam dominando o adversário, e o que antes
era “acumulação multilateral” torna-se “acumulação unilateral” e
forma o monopólio (MARX, 2004, p.48)
Com o aumento da concorrência, os trabalhadores são forçados
a produzirem e consumirem mais, sua condição humana vai sendo
suprimida pelas imposições da sociedade capitalista. Marx escreve
uma passagem do livro de Ricardo -
Renda da terra
, onde este
economista apresenta sua concepção de homem, “ as nações são
apenas oficinas de produção, o homem é uma máquina de consumir
e produzir; a vida humana, um capital; as leis econômicas regem
cegamente o mundo”. Marx em seguida escreve que “para Ricardo,
os homens são nada; o produto é tudo”. (MARX, 2004, p.56)
Na economia política a condição do homem é reduzida ao
trabalho alienado e servil. Nessas condições o homem vai sendo
determinado pelas imposições do sistema capitalista e sofre as
consequências em todas as dimensões da sua vida. Ao explicitar as
contradições destas determinações, Marx mostra que quanto mais
o trabalhador produz riqueza, menos produz a si mesmo (idem,
p.80). Este perder a si mesmo que se delineia a partir da crítica à
economia política apresenta por um lado, uma denúncia da alienação
do trabalhador no modo de produção capitalista e por outro, torna-
se um instrumento de conscientização do trabalhador em relação a
sua condição desfavorável frente a uma realidade que se apresenta
como natural. Com essas condições, a sociedade se divide em duas
classes: a dos proprietários, que recebem o capital e os trabalhadores
sem propriedade e subalternos.