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Concepção de homem...
Alessandra Dal Lin e
Anita Helena Schlesener
pela aquisição de trabalho, isto é, pela possibilidade, pelos meios de
poder efetivar sua atividade”. (MARX, 2004, p.25).
Marx explicita como o processo histórico de formação
do capital vem acompanhado da instauração da
propriedade privada legitimada pelo trabalho, situação
que, por seu caráter de exploração do trabalho,
é permeado por contradições; estas, ao serem
constatadas, evidenciam a forma como se constitui e
se nega a essência humana.
No modelo de economia capitalista, o eixo principal é o lucro
obtido por meio da exploração do trabalhador, que vende sua força
de trabalho em troca de um salário que apenas o faz sobreviver.
Nesse cenário, o trabalhador vai perdendo a sua condição criadora
e torna-se uma extensão da máquina. Nas palavras de Marx, “as
desvantagens revelam-se, dentre outras coisas, na maior mortalidade
do trabalhador fabril... Não se levou em conta ainda esta grande
diferença: até que ponto os homens trabalham com máquinas, ou
até que ponto eles trabalham como máquinas”.(MARX, 2004, p.32).
O homem que antes se tornava criador de si mesmo por meio do
trabalho agora passa a assumir a condição de servo do seu próprio
trabalho no modo de produção capitalista.
As reflexões de Marx sobre a mediação do dinheiro nas relações
de troca implementadas no modo de produção já anunciam a
leitura posterior sobre as características da alienação. Esse aspecto
apresentado por Marx (MARX, 2004, p. 39) pode ser acompanhado
nas análises sobre o ganho do capital, “isto é, a propriedade privada
dos produtos do trabalho alheio”. Tendo em vista que o capital é
“trabalho acumulado” o lucro excede a produção e com isso, o
capitalista ganha duas vezes, “primeiro, com a divisão do trabalho;
segundo, geralmente com o progresso que o trabalho humano
imprime sobre o produto natural. Quanto maior a participação
humana numa mercadoria, tanto maior o ganho do capital morto”.
(MARX,2004, p.45)
Nesse sentido, o trabalho pelo fato de ser uma relação entre
o capitalista e o trabalhador, acaba engendrando o trabalhador na
condição de mercadoria. Marx observa que os produtos ganham
independência em relação ao trabalhador, ou seja, o objeto produzido
por ele torna-se estranho e com isso o próprio trabalhador é