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Concepção de homem...
Alessandra Dal Lin e
Anita Helena Schlesener
o trabalho socializado e criativo era substituído, na concepção do
modelo capitalista, pelo trabalho produtivo como uma lei totalmente
natural. Com isso, Marx empreende seus escritos apresentando uma
análise do modo de produção capitalista e da atividade produtiva.
O diferencial da filosofia de Marx é que ela revela as
contradições do sistema capitalista denunciando a alienação e a
exploração do homem pelo trabalho estranhado. Diferentemente
do que se apresentava em relação ao trabalho até então, Marx
supera a compreensão de trabalho abstrato e empreende sua análise
do trabalho como sendo atividade material concreta do homem,
determinada historicamente pelo modo de produção na formação
do homem enquanto ser social.
O pensamento de Marx segue um critério dialético, ao invés
de suprimir as situações contraditórias ele as utiliza como suporte
para chegar a compreensão da realidade objetiva. Nesse sentido, ao
desenvolver a categoria trabalho, Marx apresenta as determinações
que envolvem
o ser
do homem no modelo capitalista e também as
possibilidades de superação da condição de alienação.
Os
Manuscritos Econômicos Filosóficos
iniciam um percurso que
visa a identificar as relações constituintes que permitem esclarecer o
caráter alienado do trabalho e da própria essência humana construída
historicamente, a partir da natureza da propriedade privada dos meios
de produção. Marx constata as contradições internas da propriedade
privada e as limitações do trabalho estranhado na formação do
homem social e empreende a sua crítica às teorias vigentes que, por
serem parciais, perdem o sentido da totalidade e a articulação entre
o aspecto subjetivo e objetivo do conjunto de relações que constituem
o modo de produção capitalista. (MARX, 2004, p.22-24)
O trabalho perde a sua dimensão criativa e vital na pedida
em que se fragmenta para cumprir os objetivos da produção e da
acumulação nos interesses da propriedade privada dos meios de
produção. Trabalho alienado e propriedade privada são os dois lados
da mesma figura, os dois aspectos de ummovimento que, ao mesmo
tempo em que completa o circuito de realização do trabalho alienado,
efetiva uma determinada forma de propriedade privada; e ao mesmo
tempo em que produz a riqueza, gera “o carecimento humano. O
homem rico é, ao mesmo tempo, o homem carente de uma totalidade
de exteriorização da vida humana”; a riqueza gera a pobreza tanto
do trabalhador explorado, que não se entende como produtor, quanto