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Concepção de homem...
Alessandra Dal Lin e
Anita Helena Schlesener
do capitalista expropriador que convive com a solidão cotidiana de
sua carência interna. “A pobreza é o laço passivo que faz com que
o homem sinta como carecimento a maior riqueza, o outro homem”
(MARX, 1974, p. 20).
Dopontode vistadaessênciadohomem, superar esse carecimento
e a solidão do individualismo gerado pela exploração do trabalho seria
o caminho para gerar a verdadeira autonomia de um homem senhor
de si mesmo; tal ação poderia acontecer pela solidariedade entre
os homens a partir das relações que estes estabelecem no trabalho,
ou seja, por meio de novas relações de produção e de vida social,
que permitiria conhecer as relações que determinaram o objeto da
atividade que o homem produziu, sendo criador e transformador
da sua atividade produtiva. Assim a análise criteriosa do modo de
produção capitalista, da atividade produtiva desenvolvida por Marx nos
Manuscritos, situa a importância do trabalho como ação efetivadora
do ser social (MARX, 2004, p.22-24).
Do ponto de vista da propriedade privada, porém, o caminho
que se segue é inverso: cada proprietário procura um “modo de criar
no outro uma nova necessidade para obrigá-lo” a um novo sacrifício e
gerar uma nova dependência. Submeter o outro para satisfazer seus
próprios interesses, fazendo crescer as formas de estranhamento e
alienação. Marx procura mostrar como esse procedimento egoísta
aumenta a riqueza e, em proporção inversa, torna o homem mais
pobre enquanto homem. A mediação do dinheiro possibilita ampliar o
processo de acumulação, mas o dinheiro assume uma independência
na direção desse processo visto que tudo reduz aa sua própria
abstração. O “aumento da produção e das necessidades se converte
no escrevo
engenhoso
e sempre
calculador
de apetites desumanos,
refinados, antinaturais e
imaginários
” (MARX, 1974, p. 22. – grifos
do autor).
Esse caminho da economia para a filosofia e vice-versa, que
articula dialeticamente a construção do modo de produção na relação
entre trabalho alienado e propriedade privada, esclarece como se
constrói o imaginário social na medida em que explicita a concepção
de homem que se produz no contexto das relações capitalistas: os
indivíduos isolam-se entre si e de sua essência genérica, aprofundam
seus carecimentos egoístas, instauram e ampliam a divisão do
trabalho, calculam a pobreza física como medida para o pagamento
do trabalho, instauram a competição e a corrupção dos homens, a