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A escola pública e processos... -
Oséias Santos de Oliveira et al.
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Esta posição é referendada por Sousa e Corrêa (2002, p. 51), quando
afirmam que,
esse projeto constitui-se, então, em elemento de
organização e integração da prática escolar, à
medida que assume um valor de articulador dessa
mesma prática e elemento referencial da caminhada
que a escola precisa empreender na perspectiva de
transformação do fazer de seus atores.
Cada vez mais em nome da inclusão social, da valorização dos
saberes docentes e, da importância do cotidiano escolar mediando
a formação docente, vive-se um processo de desprofissionalização
dos professores. Neste sentido, ocorre um deslocamento do foco
formativo, anteriormente centrado no conhecimento e que passa,
nesta nova perspectiva a valorizar técnicas, métodos e modismos,
revelando a infiltração, no pensamento pedagógico da epistemologia
implícita do ideário neoliberal. Diante desta afirmação, constata-se
que o PPP da escola prioriza autores que não apresentam uma análise
crítica da sociedade capitalista sob a égide do neoliberalismo como
sistema excludente e a serviço da ordem social vigente. Autores, como
por exemplo, Perrenoud e Morin são citados na fundamentação dos
projetos da escola, para tratar de questões relativas à sala de aula e
relações do cotidiano, sem considerar aspectos macros da sociedade
e da própria organização escolar, bem como o teor dessas teorias
nesse contexto.
Considerando a visão de Imbernón, “a educação democrática
precisa de outras instâncias de socialização que ampliem seus
valores. Para tanto, é necessária uma reestruturação das instituições
educativas” (2000, p. 18). Nestemeio, os educadores necessariamente
devem desenvolver suas “capacidades de aprendizagem da relação,
da convivência, da cultura do contexto e da interação de cada pessoa
com o resto do grupo, com seus semelhantes e com a comunidade
que envolve a educação” (Ibidem).
Ainda destacamos que nos documentos legais da escola, que
se coloca como instituição democrática e pautada pelos princípios de
que “a participação é coletiva, em função do planejamento também
ser coletivo, por sua vez a responsabilidade é de todos” (PPP, 2008, p.
15), não há qualquer referência ao processo de formação continuada