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Movimento docente...
Maria de Fátima Rodrigues Pereira
Neste processo, atuam como poderosos instrumentos de
hegemonia, de formulação de consentimentos as ideologias.
Conforme Marx e Engels, as idéias (Gedanken) da classe dominante
são, em cada época, as idéias dominantes; isto é, a classe que é
a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua
força espiritualmente dominante. A classe que tem à sua disposição
os meios de produção material dispõe, ao mesmo tempo, dos meios
de produção espiritual, o que faz com que a ela sejam submetidas
as ideias daqueles aos quais faltam os meios de produção espiritual.
As ideias dominantes nada mais são do que a expressão ideal das
relações materiais dominantes, concebidas como ideias: portanto,
a expressão que torna uma classe em classe dominante; as ideias
de sua dominação (Marx; Engels, 1986, p. 55-56).
P
aradoxo
da
democracia
e
cidadania na ordem
burguesa
Os movimentos sociais, e o que apresentamos estruturou-se
assim, são coletivos de sujeitos que estão em relação entre si e em
movimento; que se formam a partir de um processo motivador de
suas necessidades concretas de subsistência e ou de existência;
que têm no confronto e na solidariedade, contrários necessários ao
crescimento do grupo: de um lado a solidariedade como condição
de identidade e fortalecimento da coesão do grupo; do outro lado
o confronto, permitindo reconhecer as relações de desigualdade e
dominação necessárias à percepção do conflito e ao aprendizado
no lidar com tais conflitos na busca libertadora.
O movimento docente que analisamos empunhou bandeiras de
democracia e cidadania. Cunhou sua luta com “extensa e profunda
participação”. Uma participação que exauria pelas limitadas
conquistas no governo da educação no Estado e presença efetiva
nos aparelhos do Estado, reivindicações negadas pelo próprio
governo constituído, paradoxalmente, em nome da democracia e
da cidadania.
Na verdade, o paradoxo da democracia e cidadania na ordem
burguesa reside na promessa - simulacro da igualdade no poder de
governar e usofruto dos bens socialmente produzidos, quando se
mantém a posse privada dos meios de produção.