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Contribuições de Gramsci...
Rosane Biesdorf e Adriana Maamari
das suas perspectivas de trabalho, da sua concepção de cidadania
para com o mundo, do currículo escolar, dos seus reais interesses
e sonhos? E o que diriam da educação recebida no seio familiar? A
grande maioria não saberia responder criticamente a estas questões,
pois nem a família nem a escola os educou a pensar criticamente. Já
os que saberiam responder, certamente apontariam a grande lacuna
existente entre a prática da educação e as exigências da sociedade
e do mercado de trabalho. Sobre a atual situação da escola, Nosella
(2008, p.82) destaca:
A tendência, hoje, é a de abolir qualquer tipo de escola
“desinteressada” (não imediatamente interessada) e
“formativa” ou de conservar delas tão-somente um
reduzido exemplar destinado a uma pequena elite de
senhores e de mulheres que não devem pensar em
se preparar para um futuro profissional, bem como
a de difundir cada vez mais as escolas profissionais
especializadas, nas quais o destino do aluno e sua futura
atividade são predeterminadas. A crise terá uma solução
que, racionalmente, deveria seguir esta linha: escola
única inicial de cultura geral, humanista, formativa,
que equilibre equanimente o desenvolvimento da
capacidade de trabalhar manualmente (tecnicamente,
industrialmente) e o desenvolvimento das capacidades do
trabalho intelectual. Deste tipo de escola única, através
de repetidas experiências de orientação profissional,
passar-se-á a uma das escolas especializadas ou ao
trabalho produtivo. (grifo do autor).
O ensino desinteressado defendido por Gramsci, e que Nosella
igualmente defende, priorizaria uma educação de base igualitária
para todos, não preocupada com a profissionalização precoce do
estudante, mas sim com a construção de valores como a cidadania e a
autonomia. Porém, Libaneo (1994) nos alerta dizendo que a educação
escolar, atualmente, é um sistema de instrução com propósitos
intencionais já pré-estabelecidos pelo sistema de ensino, sendo que
seria por meio dela que se deveria democratizar os conhecimentos,
adquirir aprendizados científicos que formam a capacidade de pensar
criticamente os problemas e desafios postos pela realidade social.
Ao questionar os propósitos do atual sistema de ensino, uma vez que os