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Contribuições de Gramsci...
Rosane Biesdorf e Adriana Maamari
saberes para o bem de toda a sociedade (1996, p.59) “O respeito à
autonomia e à dignidade de cada um é imperativo ético, e não um
favor que podemos ou não conceder aos outros”. Ou seja, o educando
deve ter garantido tais direitos básicos, os quais são necessários a
uma formação adequada.
A educação efetivamente verdadeira, para Freire (1992), é
aquela que busca uma constante humanização dos indivíduos. Para
isto, segundo ele, os professores devem ter uma postura dialógica
e dialética, a fim de contribuir na transformação das realidades
histórico-sociais opressoras. A libertação da opressão não se dá de
forma individualizada, mas é uma caminhada onde “[...] ninguém
caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho
caminhando, sem aprender a refazer e retocar o sonho por causa do
qual a gente se pôs a caminhar”, (FREIRE, 1992, p.155), ou seja,
na educação há um caminho para se chegar à libertação, mas é
necessário que seja apresentada a existência deste caminho, para
que o indivíduo possa segui-lo.
Freire mostra-se contra a denominada educação bancária,
por considerar que o aprendiz não é um ser vazio de vivências,
não podendo assim ser um depósito de informações desvinculadas
de sua realidade. Freire (1987, p.41) nos diz que este modelo
da educação “[...] servindo à dominação, inibe a criatividade e,
ainda, que não podendo matar a intencionalidade da consciência
como um desprender-se ao mundo, a domestica”. Desta forma, se
compreende que a educação não pode desconsiderar a realidade do
educando; os conteúdos devem ser aproximados ao máximo destas
vivências individuais e coletivas, para desenvolver sua sensibilidade
e criatividade em relação ao meio em que está inserido. A educação,
para ser libertária, não poderá apresentar o homem isolado do seu
contexto; é necessário que ela seja crítica, pois a criticidade, na
concepção de Freire (1989), é a única maneira pela qual o homem
realiza sua vocação natural.
O ensino depende de dois sujeitos, educador e educando,
nenhum sendo superior ao outro, pois ambos participam do processo
de construção da aprendizagem. Para Freire (1996, p.23), “não há
docência sem discência, as duas se explicam, e seus sujeitos, apesar
das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto
um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende
ensina ao aprender”.