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Contribuições de Gramsci...
Rosane Biesdorf e Adriana Maamari
O conceito de escola única para Gramsci não significa um
modelo de escola e de currículo universal, mas sim, uma educação
onde todo e qualquer indivíduo tenha a oportunidade de ter acesso
ao conhecimento, e de utilizá-lo dentro da sua realidade, tendo-se
assim um homem emancipado. A escola é apenas um elemento na
superestrutura, mas a responsável pela formação de todo e qualquer
sujeito. (NOSELLA, 2008).
Todo o indivíduo é fruto de uma história, sendo ele
uma unicidade. Desta forma, a educação não pode ser
pensada e estudada separadamente das relações de
trabalho e das vivências pessoais e sociais dos educandos.
Gramsci defende a necessidade da transmissão do
conhecimento e da cultura informal, pois, para ele, o
indivíduo se compreende melhor quando compreender a
cultura e os valores de sua sociedade. Para este pensador,
a escola pública deveria ter um currículo baseado em
fatores concretos, relacionando o currículo escolar com
a vida cotidiana do educando.
O educando deveria ser ensinado, acima de tudo, a ser
um filósofo, para assim ter a capacidade de sistematizar o
conhecimento e as situações que lhe são apresentadas, sendo
crítico frente a sua realidade e, dessa forma, ser capaz de produzir
conhecimento e ser atuante na sociedade. Portanto, não se
pode aceitar uma educação baseada na simples transmissão de
conhecimentos.
Nosella (1992) nos relata a preocupação de Gramsci em
relação à criança e ao adolescente. Na pré-puberdade, muitos
pensam que as crianças não necessitam de tanta atenção, e os
pais e educadores não lhes dão a mesma atenção de antes; isto,
porém, trará problemas que aparecerão na adolescência. Então,
estes tentarão intervir, mas já pode ser tarde para o adolescente
aprender certos modos, hábitos e valores. Na carta 171, escrita no
cárcere no ano de 1930, destinada à sua irmã Teresinha, Gramsci
(1992, p.77) coloca: “Caríssima Teresinha, você deve voltar a ser
viva como era antigamente para poder guiar bem as crianças
fora da escola e não deixá-las abandonadas a si mesmas como
acontece muitíssimas vezes, sobretudo em famílias chamadas
‘de bem’.” O abandono ao qual Gramsci se refere diz respeito à