125
Redes sociais e escola...
Eliete Jussara Nogueira et al
fotografam, filmam, compõem textos com imagens, áudio e vídeo e
compartilham suas produções, às vezes sem o menor pudor ou com
valores estéticos duvidosos, sem se importar muito com isso: estão
mais interessadas na manutenção de suas redes de relacionamento,
na expressão de seus pensamentos, ideias e sentimentos. Enfim, as
pessoas fazem, hoje, os mais variados usos sociais da escrita no
meio digital e extrapolam as propostas, mesmo as mais arrojadas,
das aulas de redação e leitura das escolas.
As afinidades entre as pessoas e as trocas de informações
em certos sites de relacionamento acabam levando à formação
de comunidades de prática, nas quais os participantes ensinam e
aprendem uns com os outros. Os conhecimentos assim adquiridos,
mesmo não sendo necessariamente os escolares, integram-se à
bagagem cultural dos alunos, embora não costumem ser valorizados
pelos professores ou pela escola; ao contrário, há até um certo
estigma sobre o “excesso” de tempo que os jovens passam na
internet.
Mas, se a escola ainda hoje resiste ou vacila quanto à
incorporação dessas novas práticas de escrita e de relacionamento
em seu cotidiano, pessoas de diferentes níveis socioeconômicos e
de várias faixas etárias, especialmente jovens em idade escolar,
acessam a internet cada vez mais. Em 2011, eram 81,3 milhões de
internautas com 12 anos ou mais (Fonte: F/NAZCA). No meio digital,
os alunos acabam produzindo gêneros textuais não privilegiados
na escola, utilizando, em algumas situações, formas de escrita não
convencionais e linguagens não escolarizadas, como a audiovisual.
Os usos das redes sociais são significativos para seus
participantes, pois podem “incluir-se” nas comunidades que lhes
interessar, pelo tempo que lhes convier e participar da maneira
que quiserem ou que for possível. São novas formas de aprender e
de ser. Muitas vezes, os objetivos para participação nas redes são
exclusivamente individualistas, mas podem também ser altruístas,
visando ao bem de todos ou de determinadas comunidades.
O ser humano é gregário e aprende em sua relação com o outro
e com o meio. As redes digitais de relacionamento têm permitido e
potencializado novas formas de ser e de estar no mundo, de ensinar
e de aprender. Aprende-se em todos os lugares e, nesse sentido,
podemos mesmo dizer que há uma escola fora da escola. Vejamos, a
seguir, com mais clareza, em que sentido fazemos essa afirmação.