Página 120 - cad_pesq_15

Versão HTML básica

120
Perséctivas político...
Pâmela F. Oliveira e Carlos H. Carvalho
reforma na consciência pedagógica e se tornaram lugar-comum em
que professores encontraram inspiração e certezas. Mas a prática
continuou com traços tradicionais.
C
onsiderações
finais
A escola primária permeada pelos princípios da escola nova
constituía o meio mais eficaz de efetivar a pretendida democratização
da sociedade — garantia de liberdade e igualdade de oportunidades
para o desenvolvimento físico, moral e intelectual a que todos os
humanos têm direito. Tais princípios como base de uma educação
progressiva não supõem só a aquisição progressiva de conhecimento
pelo aluno, pois a ênfase está nas mudanças sociais e na democracia
como modo moral de vida do homem moderno. Por isso, esta análise
nos leva a dizer que houve tensão entre os objetivos da reforma
propalados em discursos, leis e decretos e as novas experiências
de formação vinculadas complexamente com as experiências
consolidadas e evidenciáveis mediante interpretações inversas dessa
teoria feita por políticos e educadores da época. Parafraseando
Valdemarim, no discurso do novo, o velho permanece justificado de
outra forma e lhe adiciona novos elementos.
Pode-se afirmar que o período de efervescência de
idéias aqui analisado apresentou um sentido ainda não
totalmente definido da renovação pedagógica. A ênfase
e o esforço para provocar a mudança de mentalidade
são indícios fortes de que estava se estruturando uma
nova concepção que não chega a determinar as
práticas pedagógicas senão em experiências modelares
que, por sua vez, atuam como afiançadoras dessas
possibilidades(
valdemarim
, 2010, p. 129).
Enfim, pode-se dizer que a Reforma Educacional Francisco
Campos se deu numa conjuntura em que era preciso mudar as
orientações educacionais, porém não se tinha muita clareza do
caminho a ser adotado. Isso explicaria a síntese entre as instruções
gerais da escola nova e as práticas fortemente marcadas por
procedimentos que — dizia-se — deviam ser superados. A reforma
propôs uma democratização só “aparente”, pois os métodos não
eram democráticos, tampouco a escola era; além disso, havia